As promessas verdes de Boris Johnson no Reino Unido não sobreviveram ao teste de fogo da instabilidade do setor energético global e da guerra na Ucrânia. O governo britânico anunciou uma nova estratégia energética, com foco na autonomia do mercado nacional para a geração e oferta de energia aos consumidores domésticos. Para tanto, Londres prevê uma retomada das autorizações para novos projetos de exploração de petróleo e gás no Mar do Norte, o que desagradou ativistas climáticos que confiavam na promessa britânica de acabar com a operação fóssil nesta região.
Ao mesmo tempo, o plano britânico manteve investimentos bilionários na expansão da geração eólica offshore para 50 GW de capacidade e aumentou os gastos previstos para ampliação da geração nuclear, com o objetivo de triplicar a capacidade instalada dessa fonte até 2050 (de 8 GW para 24 GW). “[A estratégia] reduzirá nossa dependência de fontes de energia expostas a preços internacionais voláteis que não podemos controlar, para que possamos desfrutar de maior autossuficiência energética com contas mais baratas”, defendeu Johnson.
A reação à estratégia britânica para a energia foi imediata. No Guardian, Eleanor Salter comentou que a maior parte dos projetos previstos pelo governo Johnson para ampliar a geração energética e diminuir a dependência externa se resumem a obras complexas de grande porte que custarão anos, senão décadas, para sair do papel. Além disso, o sinal verde para mais extração de petróleo e gás no Mar do Norte terá efeito nulo sobre a crise atual e atrapalhará o cumprimento dos objetivos climáticos do Reino Unido no longo prazo.
Associated Press, BBC, Bloomberg, Guardian e Valor repercutiram os planos britânicos para superar a crise energética global.
Enquanto isso, uma coalizão de países-membros da União Europeia fez um apelo aos colegas de blocos para avançar com medidas de eficiência energética e expansão da geração renovável de energia como resposta à dependência de combustíveis fósseis russos no mercado europeu. Encabeçado pela Dinamarca, o grupo pediu “ousadia” e “determinação” e apontou que “qualquer atraso ou hesitação só prolongará nossa dependência energética”. Bloomberg e Reuters deram mais detalhes.
ClimaInfo, 8 de abril de 2022.
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