Estudo relaciona mudança do clima com ciclones mais fortes na África

ciclones África
AFP

Os ciclones que atingiram a costa leste da África no começo do ano foram agravados pela mudança do clima, de acordo com uma análise feita por um grupo internacional de pesquisadores. Entre o final de janeiro e o começo de fevereiro, dois ciclones – Ana e Batsirai – levaram fortes ventos e chuvas a partes de Madagascar, Moçambique, Malawi e Zimbabwe, causando devastação e pelo menos 230 mortes. Segundo a análise do World Weather Attribution (WWA), as temperaturas mais quentes facilitaram o acúmulo de vapor d’água na atmosfera, aumentando o risco de chuvas torrenciais como as observadas na África Ocidental.

“Concluímos que as emissões de gases de efeito estufa e aerossóis são em parte responsáveis pelos aumentos observados [no volume das chuvas]”, destacou o estudo. “Esses achados são consistentes com projeções futuras de chuvas intensas associadas a ciclones tropicais, corroborando a constatação de atribuição de que as mudanças climáticas de fato aumentaram a probabilidade e a intensidade das chuvas associadas aos ciclones Ana e Batsarai”.

O estudo não faz uma conexão direta e precisa entre mudança do clima e essas tempestades em virtude da falta de dados climáticos na região, a despeito de ser uma das áreas mais pobres e vulneráveis do mundo aos efeitos da crise climática. Em Moçambique, por exemplo, apenas quatro das 13 estações meteorológicas nas áreas afetadas possuem dados históricos desde 1981. Já em Madagascar e no Malawi, não havia dados adequados disponíveis para análise.

Associated Press, BBC e Bloomberg repercutiram essa análise.

Em tempo: Enquanto isso, as Filipinas enfrentam a tempestade tropical Megi, que atingiu as costas leste e sul do país nesta 2ª feira (11/4). Segundo a Reuters, pelo menos 25 pessoas morreram em deslizamentos de terra e inundações. Megi é a primeira tempestade a atingir o país sul-asiático neste ano, e o impacto destrutivo sinaliza que a temporada 2022 de tempestades tropicais pode repetir o potencial devastador observado nos anos anteriores.

 

ClimaInfo, 12 de abril de 2022.

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