A conta bilionária dos jabutis térmicos na privatização da Eletrobras

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O seu, o meu, o nosso cada vez mais escasso dinheirinho deverá cobrir o rombo de mais de R$ 50 bilhões criado pelos jabutis impostos pelo Congresso Nacional na lei que aprovou a privatização da Petrobras para financiar a operação de novas – e caras – usinas termelétricas no Brasil. A coisa foi tão bem amarrada, para a alegria da turma do gás, que esse dinheiro vai ser cobrado mesmo que o mercado brasileiro não precise dessa energia nas próximas décadas. Coisa de jêniu!

O Globo trouxe dados de um levantamento feito pela EPE, publicado discretamente no começo do mês, que mensurou pela primeira vez o impacto financeiro da contratação de 8 mil MW de novas usinas a gás no Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste. O preço estimado é de R$ 52 bilhões, sendo que ele considera apenas o ônus de acionamento dessas usinas até 2036, sem incluir os óbvios custos de construção delas e dos gasodutos necessários para abastecê-las.

E a conta pode ficar ainda mais salgada. Há duas semanas, o governo publicou decreto regulamentando a contratação dessas usinas, sinalizando uma fórmula de reajuste do preço-teto do MWh que levará em conta não apenas a inflação desde 2019, mas também a cotação do petróleo, do gás e do dólar. Especialistas estimam que isso pode elevar o valor da tarifa-teto de cerca de R$ 350/MWh para algo entre R$ 500 e R$ 650/MWh. Para efeito de comparação, a geração eólica e solar está na faixa dos R$ 100/MWh.

Outra análise, feita pela ABRACE, estimou um custo total mais baixo para a contratação dessas termelétricas, mas ainda na casa das dezenas de bilhões – mais exatamente, R$ 27,8 bilhões até 2030. Diferentemente do levantamento da EPE, o estudo da ABRACE não considera os gastos potenciais para além de 2030, o que pode explicar a discrepância nos valores totais estimados. De toda forma, no pior cenário, a análise também prevê uma tarifa-teto chegando ao patamar dos R$ 650/MWh. Agência Infra e Canal Energia repercutiram esses dados.

 

ClimaInfo, 26 de abril de 2022.

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