Boicote europeu ao petróleo russo intensifica ofensiva diplomática da UE contra Putin

31 de maio de 2022

A decisão recente da União Europeia de reduzir significativamente o consumo de petróleo russo, em mais uma ação para penalizar Moscou pela invasão à Ucrânia, seria algo impensável no começo da guerra, há pouco mais de três meses. O mercado europeu era um dos principais consumidores de energia fóssil russa e a instabilidade dos preços internacionais dos combustíveis, que vinha desde o ano passado, era um forte fator de dissuasão para uma decisão desse tipo. Não mais: se tudo der certo, as vendas de petróleo da Rússia para os países da UE cairão em 90% até o final do ano.

Como Clara Ferreira Marques e David Fickling apontaram na Bloomberg, o boicote da UE ao petróleo russo é bem-vindo, ainda que o timing econômico tenha se sobreposto ao timing político. “[A proibição] é uma solução imperfeita que chega tarde, faz várias concessões que prolongam o tempo e cede às demandas da Hungria por isenções. Sancionar o gás, onde a infraestrutura liga muito mais a Rússia às compras europeias, continua fora da mesa. No entanto, é um passo vital para a frente”.

De fato, em termos comparativos, a medida adotada pela UE nesta semana é a mais dura já aplicada contra a indústria fóssil russa. Porém, considerando a dificuldade política que os governantes europeus tiveram para chegar a isso, a margem para o bloco redobrar a aposta econômica contra a Rússia é bem menor para o futuro. Isso porque o próximo item da agenda, o consumo de gás natural russo pelos europeus, é bem mais complexo e não há qualquer sinalização neste momento de que a UE consiga chegar a um entendimento, pelo menos no curto prazo.

Além disso, temos também o custo que as sanções aplicadas até aqui já causaram na economia europeia. A Bloomberg destacou que o preço médio da energia no continente caminha para atingir uma alta recorde neste ano. Já o Wall Street Journal abordou como o encarecimento da energia está se desdobrando nos diferentes setores econômicos europeus, o que sinaliza um risco de recessão.

Em tempo: A Finlândia acaba de aprovar uma nova lei climática que define os objetivos mais ambiciosos já adotados por um governo desenvolvido em todo o mundo até agora. De acordo com o Climate Home, o país escandinavo quer ser o primeiro desenvolvido a atingir a neutralidade líquida do carbono em 2035; além disso, a ideia é de que a Finlândia passe a absorver mais carbono do que emite a partir de 2040.

 

ClimaInfo, 1º de junho de 2022.

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