Vanessa Nakate: países ricos são responsáveis pela crise climática e precisam pagar por isso

Vanessa Nakate
AFP

A nigeriana Vanessa Nakate, de 25 anos de idade, tem se tornado a face do movimento climático jovem no continente africano. Inspirada em Greta Thunberg, a jovem tem enfrentado sucessivos desafios para conseguir colocar a perspectiva da juventude da África na discussão global sobre o clima.

Primeiro, a questão mais óbvia: o continente africano é a síntese da injustiça climática – ele quase não contribuiu para o surgimento do problema da mudança do clima, mas será um dos maiores prejudicados por ela por conta da conjunção entre eventos extremos mais frequentes e desigualdades socioeconômicas estruturais. Segundo, os obstáculos do gênero e da raça, sendo uma jovem negra em um debate tomado por homens brancos e de meia idade. E, terceiro, a questão do preconceito racial: isso ficou evidente quando a imagem dela junto com Greta em um encontro do Fórum Econômico Mundial de Davos foi “recortada” pela Associated Press, tirando Vanessa do frame. “Você não apagou apenas uma foto, você apagou um continente”, afirmou ela à época.

Em entrevista à Folha, Vanessa criticou a pouca atenção dada pela comunidade internacional aos impactos da crise climática na África, o que se reflete também em um desinteresse em apoiar financeira e tecnologicamente medidas de adaptação e de transição energética no continente. “Sabemos quem causou e quem precisa pagar pela crise climática. Conhecemos a história das emissões globais, que foram causadas por países desenvolvidos, por países do Norte Global. É responsabilidade desses países pagar pelas perdas e danos do Sul Global”, disse.

Veja a entrevista que Vanessa Nakate concedeu à jornalista Cristiane Fontes:

 

Em tempo: A Folha estreou um novo projeto de cobertura jornalística sobre mudança do clima. A série Planeta em Transe, que estreou com a entrevista de Vanessa, conta com o apoio da Open Society Foundation e pretende entrevistar 23 personalidades do Brasil e do mundo, entre especialistas e ativistas, para debater os pontos mais importantes e urgentes da questão climática contemporânea.

 

ClimaInfo, 31 de maio de 2022.

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