Conflito e clima extremo: a soma fatal para milhões de pessoas no Chifre da África

África insegurança alimentar
Eduardo Soteras/AFP/Getty Images

Agências humanitárias e entidades ligadas à ONU ressaltaram nos últimos dias que a região do Chifre da África, no extremo leste do continente africano, está atravessando uma das piores crises de insegurança alimentar dos últimos tempos, com impactos mais dramáticos sobre grupos vulneráveis, como mulheres e crianças. Somente na Somália, mais de 7 milhões de pessoas podem sofrer com a falta de comida até setembro, com pelo menos 213 mil delas sob o risco de fome catastrófica.

No NY Times, Abdi Latif Dahir e Malin Fezehai trouxeram histórias e imagens dramáticas da Somália. Uma mulher relatou que, na jornada em busca de alimento, seu filho acabou falecendo e sendo enterrado na beira da estrada. “Nós o enterramos e continuamos andando”, disse. A Somália experimenta sua pior seca em quatro décadas, o que arruinou a agricultura de subsistência que fornece alimento para a maior parte de sua população, enquanto o fornecimento externo ficou comprometido por reflexos da guerra entre Ucrânia e Rússia. Os ucranianos são um dos principais produtores de grãos e cereais para os mercados africanos, e a interrupção pode significar uma catástrofe humanitária na Somália da mesma dimensão daquela vivida nos anos 1980 e 1990 e precipitou uma guerra civil que perdura até hoje.

A insegurança alimentar deve ser um desafio para outras nações africanas, como Eritreia, Etiópia e Sudão do Sul. Como o Financial Times apontou, quase 50 milhões de pessoas em 46 países da África e do Oriente Médio podem sofrer com a fome nos próximos meses. Outros países com risco crítico para a fome neste ano são a Ucrânia (em virtude da guerra) e o Afeganistão (ainda sob o efeito da retomada do país pelo Talebã). Bloomberg e Inside Climate News também destacaram esse panorama.

 

ClimaInfo, 14 de junho de 2022.

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