Com o governo federal se desdobrando (e puxando chapéu alheio, no caso do ICMS) para reduzir o preço dos combustíveis, o cenário internacional não inspira muita confiança de notícias melhores. Nesta 3ª feira (14/6), o barril tipo Brent fechou cotado em US$ 121,17, enquanto o WTI ficou em US$ 118,93. Como o Estadão assinalou, a expectativa de bancos e corretoras é de que o preço ultrapasse a marca dos US$ 130 nos próximos meses, com a possibilidade de chegar a US$ 150 até o final do ano.
Essa valorização do petróleo, associada com eventuais movimentos do câmbio contrários ao Real, certamente ampliará a pressão sobre os preços dos combustíveis no Brasil; hoje, o diesel e a gasolina acumulam uma defasagem de 16% em relação ao mercado externo. Mas a carestia não está limitada ao Brasil: nos EUA, o preço da gasolina atingiu a marca de US$ 5 o galão (ou US$ 1,32 o litro, R$ 6,65 pela cotação de ontem), o maior valor já cobrado pelo combustível no mercado doméstico. Tal como no Brasil, os combustíveis mais caros estão se refletindo no aumento da inflação e na queda da popularidade do presidente do país – no caso, Joe Biden. Financial Times e NY Times abordaram como os EUA estão buscando reduzir o preço da gasolina e do diesel, o que passa inclusive por uma revisão das promessas climáticas da Casa Branca.
Enquanto isso, a Rússia segue ganhando dinheiro com a venda de petróleo ao mercado internacional, a despeito das sanções ocidentais contra o país por conta da invasão à Ucrânia. Um levantamento divulgado nesta 3a feira mostrou que a indústria fóssil russa ganhou cerca de 93 bilhões de euros com a exportação de petróleo, gás natural e carvão somente nos 100 dias desde o começo da guerra no leste europeu. Parte dessa dinheirama cai direto na conta do Kremlin e serve para abastecer a máquina militar russa em terras ucranianas.
A Europa segue sendo um consumidor importante, mesmo com as sanções, mas a principal diferença está no fato de que outros mercados antes relevantes para Moscou, como Índia e China, viraram grandes consumidores dos combustíveis russos nos últimos três meses. Associated Press, BBC, Bloomberg, NY Times e Reuters repercutiram essa notícia.
ClimaInfo, 15 de junho de 2022.
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