Dieta vegetariana não garante impacto climático menor

24 de junho de 2022
dieta vegetariana
Angel Garcia/Bloomberg

Há anos, pessoas preocupadas com o clima adotam dietas baseadas em plantas como forma de evitar as emissões de gases de efeito estufa da indústria de carnes. Mas a simples troca pode não fazer tanta diferença assim, mostra um novo estudo revisado por pares publicado esta segunda (20/6) na revista Nature Food.

Os pesquisadores fizeram cálculos mais complexos do carbono relacionados a dietas baseadas em vegetais, contabilizando as emissões do comércio internacional de produtos agrícolas, incluindo máquinas e fertilizantes, e de alimentos. Esse comércio, que responde por um quinto das calorias consumidas globalmente, mais que dobrou suas emissões entre 1995 e 2018. Com isso, eles descobriram que o transporte global de alimentos produz até 7,5 vezes mais emissões de gases de efeito estufa do que o estimado anteriormente. Mais de um terço das emissões do transporte global de alimentos é gerado pelo comércio internacional de frutas e vegetais, quase o dobro do que é produzido pelo seu cultivo.

A Bloomberg destacou que a demanda dos países ricos em frutas e vegetais frescos durante todo o ano, além de outros produtos agrícolas, é responsável por 46% das emissões “food-mile”, embora essas nações representem apenas 12,5% da população global. Enquanto o gado criado para a carne é responsável pela maior parte das emissões da produção agrícola, frutas e vegetais são particularmente intensivos em carbono para transporte devido ao seu volume e à necessidade de refrigeração durante o transporte, tornando-o mais intensivo em carbono para cada tonelada movimentada por milha do que o transporte marítimo.

Para os consumidores, isso significa que não basta comer mais plantas: é preciso comer mais produtos de estação e do que é cultivado localmente. “A estratégia de mudança na dieta para reduzir o consumo de produtos de origem animal e promover alimentos à base de plantas deve pelo menos ser combinada com a mudança para uma produção mais local, especialmente em países de alta renda”, afirma Mengyu Li, principal autor do artigo e pesquisador de pós-doutorado na da Universidade de Sydney, na Austrália.

 

ClimaInfo, 24 de junho de 2022.

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