EUA aproveitam cúpula climática com ilhas do Pacífico para brecar avanço da China

Cúpula Climática Fiji
REUTERS/Kirsty Needham

As pequenas nações insulares do Pacífico viraram peças no tabuleiro geopolítico de China e Estados Unidos. Com o avanço diplomático de Pequim sobre essa área, historicamente sob a esfera de influência de Washington e de outros países aliados (como Reino Unido e Austrália), o governo de Joe Biden tenta recuperar o terreno e enxerga na agenda climática uma maneira de ganhar a disputa com o novo adversário regional.

O lance mais recente está sendo feito no encontro desta semana do Fórum das Ilhas do Pacífico, que acontece em Fiji. Representantes do governo norte-americano sinalizaram aos líderes da região que a Casa Branca está disposta a aumentar sua ajuda financeira, inclusive para adaptação climática, além de ampliar a representação diplomática do país com novos consulados e embaixadas nas ilhas. A própria vice-presidente Kamala Harris está programada para participar da reunião, o que mostra o interesse do alto escalão do governo dos EUA em melhorar sua posição geopolítica no Pacífico.

A oferta de mais ajuda climática deve agradar a alguns líderes da região. Afinal, as pequenas nações insulares do Pacífico são extremamente vulneráveis aos efeitos da mudança do clima, em especial a intensificação de tempestades tropicais e secas e o aumento do nível do mar. Se a ajuda adentrar na questão do financiamento climático, os EUA poderão se sair melhor na disputa com os chineses.

Já Pequim vem apostando em uma dinâmica mais integral em sua abordagem com os países da região. Além de ajuda financeira, inclusive para projetos de infraestrutura, os chineses também estão sinalizando apoio a interesses polêmicos no Pacífico, como a mineração em alto-mar. Um dos principais defensores da proposta, a pequena nação de Kiribati, inclusive se retirou da cúpula em Fiji – o que foi visto como um indício do poder que a China começa a reunir nesta área.

CNN, Guardian, Reuters, Washington Post e Wall Street Journal, entre outros, destacaram os principais pontos do encontro.

Em tempo: No Reino Unido, a crise política que engoliu o primeiro-ministro Boris Johnson ameaça respingar nos compromissos climáticos assumidos pelo governo nos últimos anos. O polêmico premiê, que anunciou na semana passada que renunciará ao posto, vinha sendo um dos principais defensores da ala “verde” do Partido Conservador. Com a liderança partidária em jogo, setores contrários às políticas climáticas de Johnson podem se articular para eleger um primeiro-ministro que seja menos proativo na questão climática – ou, na hipótese mais radical, até mesmo um negacionista. O Guardian destacou esse temor e as implicações da mudança de governo no Reino Unido sobre as ações climáticas do país.

 

ClimaInfo, 13 de julho de 2022.

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