Bruno e Dom: organizações acusam Brasil de descumprir decisão internacional

Bruno e Dom crime organizado
EVARISTO SA / AFP

Um grupo de organizações da sociedade civil do Brasil denunciou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) que o governo federal estaria descumprindo uma decisão do órgão. A decisão é relativa às investigações sobre os assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips na Amazônia e à proteção dos Povos Indígenas do Vale do Javari.

A denúncia acontece como reação à resposta do governo brasileiro à CIDH, na qual o Itamaraty desconsidera o papel da União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (UNIVAJA) nas investigações acerca das mortes de Bruno e Dom. Além disso, dizem as entidades, o governo brasileiro não cita as repetidas ameaças sofridas pelo indigenista por conta de seu trabalho com as comunidades indígenas da região.

As organizações contestam a versão apresentada pela Polícia Federal de que os crimes tenham sido causados por desentendimentos entre Bruno e pescadores ilegais e que a morte de Dom tenha sido apenas um efeito colateral do ataque ao indigenista.

“Ao pedir para que a medida cautelar siga aberta e que a CIDH continue exigindo que o Estado brasileiro investigue o caso plenamente, as solicitantes destacam que o governo federal também está desrespeitando a determinação da Comissão Interamericana ao não oferecer medidas para impedir que tragédias como a de Dom e Bruno ocorram com outras pessoas que atuam no Vale do Javari”, observaram as entidades. Jamil Chade deu mais detalhes no UOL.

Ainda sobre os crimes no Vale do Javari, Guilherme Amado informou no Metrópoles que um servidor da FUNAI relatou ter sido ameaçado nessa região um mês antes dos assassinatos de Bruno e Dom. No começo de maio, um funcionário do escritório da FUNAI em Eirunepé (AM) registrou boletim de ocorrência no qual relatou ameaças feitas por dois homens. “O pessoal da FUNAI está brincando com o perigo”, teria dito um deles. Naquele mesmo mês, a chefia da FUNAI no Vale do Javari foi informada sobre o caso e recebeu pedido de proteção policial aos servidores da região.

Em tempo: Como se a segurança na Amazônia já não fosse problemática, agora a Polícia Federal investiga a presença de piratas na região do Alto Solimões. Os criminosos estariam se disfarçando de agentes da PF e abordando embarcações, especialmente aquelas relacionadas com o garimpo, para roubar as cargas. De acordo com a Folha, no começo de julho houve uma troca de tiros entre piratas, garimpeiros e narcotraficantes na região de Tonantins (AM), inclusive com o uso de lançadores de granada.

 

ClimaInfo, 2 de agosto de 2022.

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