Europa luta contra a escassez de água devida à seca extrema que varre o continente

França seca recorde
AP/Francois Mori

A primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, não economizou palavras ao descrever o cenário climático do país neste verão. “Esta é a seca mais severa já registrada em nosso país”, disse em comunicado oficial nesta 6ª feira (5/8). “A seca excepcional que vivemos atualmente está privando muitos municípios de água e é uma tragédia para nossos agricultores, nossos ecossistemas e a biodiversidade”.

Por conta desse cenário, Borne anunciou a criação de um gabinete interministerial de crise para enfrentar a seca e alinhar os esforços do governo francês na garantia de segurança hídrica de sua população. “Medidas restritivas foram tomadas e serão tomadas sempre que necessário para garantir os usos prioritários de saúde, segurança civil e abastecimento de água potável. É provável que estas medidas restritivas atinjam a todos os setores não prioritários, bem como a indivíduos”.

A crise hídrica também está afetando a operação das usinas nucleares francesas, criando um problema adicional para a segurança energética do país depois dos cortes recentes de fornecimento de gás russo para a União Europeia. De acordo com a Associated Press, as usinas nucleares estão sendo forçadas a operar com uma capacidade reduzida de geração para reduzir a demanda por água para o resfriamento dos reatores.

Mais da metade dos departamentos regionais da França estão classificados como em situação de “crise”, informou o NY Times. Nessas localidades, os consumidores estão impedidos de usar água para atividades como lavagem de automóveis e irrigação, inclusive de plantações. AFP, Al-Jazeera, Bloomberg e Deutsche Welle, entre outros, repercutiram a situação da seca na França.

Em outras partes da Europa, o cenário é semelhante. O Financial Times fez um panorama da seca no continente europeu. No Reino Unido, segundo o Guardian, a maior parte dos rios está em “alerta vermelho”, resultado de chuvas abaixo do normal nos últimos meses e da forte onda de calor que assolou a maior parte do continente europeu no mês passado. Por ora, os consumidores ainda não enfrentam grandes restrições de uso, mas alguns analistas sugerem que a situação caminha para essa possibilidade.

Na Alemanha, o rio Reno está perto de ser interditado para o tráfego de mercadorias por causa dos níveis muito baixos de água. Empresas que dependem do Reno para operar estão se preparando para reduzir drasticamente suas atividades ou até mesmo interrompê-las caso o rio seja fechado. Além de prejudicar o comércio, o colapso do Reno pode atingir em cheio o fornecimento de carvão para as usinas termelétricas do país. O Guardian abordou a situação.

 

ClimaInfo, 8 de agosto de 2022.

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