Desastres ambientais penalizam grupos sociais vulneráveis no Brasil

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Uma análise do Instituto Pólis revelou como a intensificação de eventos climáticos extremos e outras tragédias ambientais no Brasil está reforçando a injustiça socioambiental, impactando desproporcionalmente grupos sociais tradicionalmente vulneráveis, como Povos Indígenas, comunidades periféricas de baixa renda e famílias que vivem em áreas de risco. O estudo observou os efeitos de episódios como enchentes e deslizamentos de terra em três capitais brasileiras – Belém, Recife e São Paulo – e encontrou padrões que se repetem em outras partes do país.

Renda, raça/cor de pele, gênero e local em que vivem definem quem são as pessoas mais vulnerabilizadas a eventos extremos. Esses mesmo grupos estão entre os mais afetados por problemas de saúde coletiva, como surtos epidemiológicos de contágio hídrico ou vetorial, decorrentes da falta de saneamento básico e acesso à água potável e ao tratamento de esgoto.

Em Belém, por exemplo, 75% das pessoas que vivem em áreas de risco são negras, uma taxa superior aos 64% do total da população da capital paraense. Já em Recife, a população negra em áreas com risco de inundação chega a 59% e de deslizamento de terra, 68%, ambas acima dos 55% negros do total dos recifenses. Em São Paulo, a situação se repete: a despeito de apenas 37% da população ser negra, a proporção de negros em áreas de risco aumenta para mais de 55%.

Nesse contexto, o estudo defende transformações radicais para se enfrentar esses problemas estruturantes que estão sendo potencializados pela crise climática nas cidades brasileiras. “Eleger mulheres negras, indígenas e pessoas LGBTQIAPN+ comprometidas com as agendas do direito à cidade e da justiça socioambiental é um determinante para a construção de cidades justas, saudáveis e democráticas”, diz a análise.

Agência Pública e Folha repercutiram os principais pontos do relatório.

 

ClimaInfo, 9 de agosto de 2022.

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