Congresso aprova plano climático para os EUA

EUA plano climático aprovado
Godofredo A. Vásquez/AP

Depois de muita negociação e vai-e-vem, o Congresso dos Estados Unidos finalmente aprovou na última semana um pacote de medidas que inclui investimentos de quase US$ 370 bilhões para ação climática. Este é o primeiro plano climático aprovado pelos congressistas norte-americanos, mais de uma década depois da última tentativa, ainda no governo Obama, ter fracassado na votação legislativa.

A Câmara dos Representantes aprovou na 6ª feira (12/8) a chamada “Lei de Redução da Inflação”, por 220 votos a favor contra 207. Tal como no Senado, o pacote foi aprovado com votos exclusivamente democratas, sem apoio da oposição republicana. Os aliados do presidente Joe Biden esperam que a aprovação do plano, ainda que a legislação final seja menos ambiciosa que a proposta original, ajude nos esforços democratas para defender sua maioria estreita no Congresso.

“A lei, em si, não é suficiente para evitar o desastre climático. Mas é um passo enorme na direção certa e prepara o cenário para mais ações no futuro”, observou o economista Paul Krugman no NY Times. “A legislação catalisará progresso em tecnologia verde; seus benefícios econômicos facilitarão a aprovação de mais leis; ela dá aos EUA a credibilidade que o país precisa para liderar um esforço global para limitar as emissões de gases de efeito estufa”. O Estadão publicou uma tradução deste artigo.

As medidas aprovadas pelo Congresso dos EUA dão sobrevida a algo que  vinha definhando nos últimos anos: a possibilidade do mundo limitar o aquecimento global neste século em, no máximo, 1,5ºC. Especialistas ouvidos pela Bloomberg ressaltaram impactos diretos e indiretos do pacote: de imediato, ele cria as bases para que os EUA tirem do papel seus objetivos climáticos sob o Acordo de Paris; no longo prazo, um potencial avanço da economia norte-americana nesta agenda pode impulsionar outros países a fazerem o mesmo, com um custo político estratégico bem menor do que num cenário sem o protagonismo dos EUA.

No Guardian, o ex-vice-presidente Al Gore celebrou a nova legislação climática. “Ao cruzar esse limite, mudamos a história e não voltaremos atrás. Estou extremamente otimista de que este será um ponto de virada crítico em nossa luta para enfrentar a crise climática”. Esta também é a expectativa da juventude: como o NY Times destacou, os ativistas jovens esperam que a nova lei seja apenas a primeira, seguida por novas medidas ainda mais ambiciosas nos próximos anos.

“Todos precisam entender que isso deve ser apenas o começo de uma série de pacotes climáticos projetados para compensar décadas de inação climática”, destacou Kim Cobb, da Brown University (EUA), ao Scientific American. “O caminho a seguir ainda é bastante desafiador, em termos de cumprimento das metas de emissões projetadas para manter os danos climáticos ao mínimo. Mas se já fizemos isso antes, podemos fazê-lo de novo e de novo até terminarmos o trabalho”.

Bloomberg, Financial Times, Guardian, NY Times, Reuters e Washington Post, entre outros, repercutiram a aprovação do novo pacote climático no Congresso dos EUA.

 

ClimaInfo, 15 de agosto de 2022.

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