Sob pressão, UE quer retomar acordo comercial com Mercosul

Mercosul

A continuidade da guerra entre Rússia e Ucrânia e os efeitos econômicos do conflito na União Europeia estão derrubando parte da resistência do bloco continental ao avanço do acordo comercial com o Mercosul, em suspenso desde 2019 por conta de preocupações europeias com os efeitos do tratado sobre o meio ambiente no Brasil. De acordo com a Reuters, representantes da UE contataram o governo brasileiro para buscar maneiras de destravar as conversas e finalizá-las o quanto antes.

Nos últimos anos, a escalada da destruição florestal na Amazônia e no Cerrado serviu para justificar a oposição formal de alguns países europeus à aprovação do acordo comercial com o Mercosul. Discutiu-se a possibilidade de assinar um documento adicional, no qual o Brasil se comprometeria com critérios mais rígidos de proteção ambiental como condição para que o acordo saísse do papel. No entanto, isso nunca se concretizou, em parte por desinteresse da própria UE. Entretanto, os reflexos da guerra na economia europeia, especialmente no fornecimento de energia e de alimentos, forçaram uma correção nessa estratégia.

“Essa discussão estava enterrada, eles voltaram a discutir o acordo justamente porque precisam de commodities agrícolas, minerais e energéticas, não podem contar mais com a Rússia, há o problema de disrupção da cadeia de suprimentos, excessiva dependência da Ásia”, explicou uma fonte do governo brasileiro ouvida pela reportagem. A expectativa de Brasília é de que a UE apresente alguma proposta de compromisso até o final do ano, possivelmente depois das eleições presidenciais de outubro no Brasil. A Folha publicou uma tradução da reportagem.

Enquanto isso, a CNN Brasil citou o embaixador da UE no país, Ignacio Ybáñez, que defendeu o acordo comercial com o Mercosul como sendo um compromisso de “comércio sustentável” entre os dois blocos. “A UE está firmemente comprometida em assinar o acordo assim que as condições o permitam. Temos no acordo o capítulo mais progressivo no que se refere ao comércio e ao desenvolvimento sustentável”.

 

ClimaInfo, 17 de agosto de 2022.

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