Ministério Público no MT mira frigoríficos que vendem carne de origem ilegal

carne de desmatamento
Alexandre Cruz Noronha/Amazônia Real

Na semana passada, o Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquéritos civis para averiguar a origem do gado processado por 11 frigoríficos no Mato Grosso. Os procuradores querem verificar se essas unidades estão sendo abastecidas com bois criados em propriedades com áreas desmatadas ilegalmente ou outras irregularidades ambientais e trabalhistas.

Todos os frigoríficos investigados ainda não são signatários do chamado “TAC da Carne”, um termo de ajuste de conduta definido pelo MPF para adequar a operação dos frigoríficos e impedir o processamento de carne de origem ilegal. “O objetivo é trazer todos os frigoríficos para dentro do Programa Carne Legal, para que todos façam uma análise socioambiental da compra e para que todo mundo fique nivelado, que o critério seja igual para todos”, explicou Erich Masson, procurador do MPF. “Inclusive essa é uma demanda dos próprios frigoríficos que fazem parte do TAC da Carne”.

De acordo com ((o)) eco, a análise do MPF cruzará dados sobre a origem do gado processado e imagens de satélite das propriedades identificadas na documentação de cada cabeça. A partir disso, os procuradores averiguarão se as áreas possuem algum tipo de embargo por parte do IBAMA ou outros órgãos ambientais e se elas registraram supressão vegetal não autorizada. O Canal Rural também repercutiu essa notícia.

Em tempo 1: O Poder360 destacou a resposta da JBS a uma análise feita pelo IATP que identificou um aumento das emissões de gases de efeito estufa associadas à empresa nos últimos cinco anos. De acordo com o levantamento, a pegada de carbono da JBS teria aumentado 51% nesse período, puxada principalmente pelo impacto do desmatamento em sua cadeia de fornecimento. Este valor contraria diretamente os objetivos da empresa de se tornar “carbono zero” até 2040. Na resposta, a JBS não esclarece exatamente se suas emissões aumentaram ou não no período, mas contesta a metodologia utilizada no estudo e o uso de dados que, de acordo com a empresa, estão desatualizados ou incorretos.

Em tempo 2: A pequena Aurora do Tocantins (TO) figura entre os municípios brasileiros que possuem mais gado do que gente entre sua população: 3.809 pessoas convivem com mais de 45,3 mil cabeças de gado. Isso se reflete no uso do território do município: dos 696,1 km2 de área, 632,79 km2 são ocupados por estabelecimentos agropecuários, mais de 90% do território. E como costuma acontecer, a pujança da pecuária local não se reflete em condições de vida dignas e de qualidade para seus habitantes: muitos sequer têm acesso à carne vermelha que a cidade tanto produz, por conta dos altos preços. Na Agência Pública, Giullia Vênus abordou essa situação e explicou os dilemas que a população local enfrenta para conseguir superar a pobreza e a insegurança alimentar.

 

ClimaInfo, 23 de agosto de 2022.

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