Passagens de trem mais baratas evitaram a emissão de 1,8 milhões de toneladas de carbono na Alemanha

transporte de trem emissões
Lisi Niesner/Reuters

A oferta de transporte público barato, com grande capacidade e extensão, é daquelas ideias que todo mundo gosta, mas que poucos com poder político prático se mostram dispostos a testar. Para seus defensores, o raciocínio é simples: um transporte acessível e de qualidade pode facilitar a mobilidade das pessoas, diminuir a dependência de modais de transporte mais sujos em termos de carbono e melhorar a qualidade de vida de seus usuários e da população em geral, com menos trânsito e demora na locomoção.

Uma iniciativa interessante neste sentido foi testada na Alemanha neste verão. Lá, as pessoas puderam utilizar a rede regional de trens, bondes e ônibus por um mês pagando apenas nove euros, cerca de R$ 46. De acordo com dados apresentados ontem pela Associação das Empresas de Transporte Alemãs (VDV), cerca de 52 milhões de passagens foram vendidas desde 1º de junho, sendo que 1/5 delas foi comprada por pessoas que normalmente não utilizam o transporte público.

Como resultado, o volume de carros circulando nas ruas do país diminuiu, o que permitiu economizar cerca de 1,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2) em emissões neste período. Esse montante é o equivalente ao consumo de energia de 350 mil residências. Mais do que simplesmente reduzir as emissões, a iniciativa também pode ter ajudado a diminuir a pressão inflacionária na economia alemã, diminuindo um pouco o baque da crise energética que engole o continente europeu desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.

O projeto será encerrado nesta 4ª feira (31/8), mas o Guardian destacou a pressão da população para que as autoridades alemãs incorporem a medida de maneira formal e permanente. Deutsche Welle, Bloomberg e Euronews também repercutiram os resultados da iniciativa.

Em tempo: Uma mudança no mecanismo de busca de voos do Google fez com que a pegada de carbono relativa às viagens aéreas pesquisadas fosse reduzida quase pela metade. Segundo a empresa, isso se trata de uma correção do sistema, já que seria muito difícil estimar com precisão todos os gases de efeito estufa emitidos em um trecho aéreo, uma vez que o efeito do vapor d’água no aquecimento difere dependendo da hora do voo e do local das emissões. Assim, as estimativas apresentadas agora consideram apenas o total estimado de CO2. No entanto, usuários e especialistas reclamam da forma como essa mudança foi feita, sem qualquer anúncio público. A notícia é da BBC e do Guardian.

 

ClimaInfo, 31 de agosto de 2022.

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