Estudo atribui intensidade de chuvas históricas no Paquistão à mudança do clima

Paquistão enchentes
Shahzaib Akber/EPA

As chuvas intensas que causaram inundações devastadoras no Paquistão nos últimos meses foram agravadas pela mudança do clima, que tornou-as não apenas mais fortes, mas também mais frequentes, o que pode prenunciar desastres similares nos próximos anos.

A conclusão é de um estudo feito pelos cientistas do World Weather Attribution (WWA), especializados em analisar o impacto da crise climática sobre eventos extremos em todo o mundo.

“As inundações ocorreram como consequência direta das chuvas de monção extremas durante a temporada de verão de 2022, exacerbadas por picos mais curtos de chuva muito forte, particularmente em agosto, atingindo as províncias de Sindh e Baluchistão. (…) Olhando apenas para as tendências nas observações, descobrimos que a precipitação máxima de 5 dias sobre as duas províncias é agora cerca de 75% mais intensa do que teria sido se o clima não tivesse aquecido em 1,2ºC, enquanto a [precipitação máxima] de 60 dias é agora cerca de 50% mais intensa, o que significa que chuvas tão fortes são mais prováveis de acontecer”, destacou a análise.

O estudo também mostrou que, para o extremo de chuvas de 5 dias, a maioria dos modelos e observações mostra que a chuva intensa se tornou mais pesada à medida que o Paquistão se aqueceu.

Para um clima 20ºC mais quente do que na era pré-industrial, os modelos sugerem que a intensidade das chuvas aumentará ainda mais para o evento de 5 dias, com efeitos ainda incertos sobre as chuvas de 60 dias.

“Tanto as condições atuais quanto o potencial aumento adicional de picos extremos de chuvas no Paquistão, à luz das mudanças climáticas causadas pelo Homem, sugerem que há uma necessidade urgente de reduzir a vulnerabilidade ao clima extremo no Paquistão”, concluiu.

AFP, Associated Press, BBC, Bloomberg, CNN, Guardian, NY Times e Reuters, entre outros, deram mais informações sobre o estudo.

Até agora, mais de 1,5 mil pessoas morreram em virtude das inundações no Paquistão. A Bloomberg noticiou a preocupação de autoridades e de agências humanitárias com o risco de que novas chuvas, dessa vez na vizinha Índia, possam aumentar o nível dos principais rios paquistaneses, o que pode aumentar a área inundada. Com as chuvas persistindo e a água contaminando reservatórios e estações de tratamento hídrico, outra preocupação está na explosão de doenças como dengue, febre amarela e cólera. Guardian e Reuters destacaram a questão, especialmente a vulnerabilidade de mulheres, crianças e idosos.

Em tempo: Pelo menos nove pessoas morreram e quatro estão desaparecidas depois de fortes tempestades causarem inundações-relâmpago na região de Marcas, na costa adriática da Itália. Em Cantiano, cidade mais atingida, o total de precipitação no período de 24 horas, entre 5ª feira e 6ª feira (15-16/9), superou os 420 milímetros, cerca de metade do total acumulado de chuvas ao longo de todo o ano de 2021, de acordo com o jornal Corriere della Sera. As enchentes provocaram uma paralisação na campanha eleitoral na Itália, com os principais candidatos anunciando a suspensão de atividades eleitorais enquanto as operações de resgate e salvamento acontecem. As enchentes no leste da Itália foram destaque na Associated Press, BBC, Bloomberg, Guardian e NY Times, entre outros.

 

ClimaInfo, 19 de setembro de 2022.

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