Campanha de Bolsonaro distorce dados sobre queimadas na Amazônia nos governos do PT

6 de outubro de 2022

Jair Bolsonaro e fake news são sinônimo em diversos tópicos, especialmente na seara ambiental. Como no governo, a campanha à reeleição do atual presidente também apela à distorção de dados para justificar o descalabro da atual política ambiental e apontar o dedo para o outro lado.

No InfoAmazonia, Eduardo Geraque trouxe um vídeo publicado no YouTube pelo PL, partido de Bolsonaro, na semana passada, antes do 1o turno. A peça distorce dados sobre queimadas na Amazônia para dizer, falsamente, que elas foram maiores nos governos do PT do que na atual gestão.

De acordo com vídeo, a Amazônia teria registrado 2,4 milhões de focos entre 2003 e 2010, durante os dois governos do ex-presidente Lula. No entanto, dados do INPE para o mesmo período indicam 1,6 milhão de focos de queimada, pouco mais da metade do número apontado pelo vídeo. “A diferença se dá porque o dado usado no vídeo do PL se refere aos números de todo o país, e não somente desse bioma”, explicou a reportagem.

Outro dado equivocado é o total de queimadas sob o atual governo. Para minimizar o número, o vídeo considerou apenas o número de focos registrados nos oito primeiros meses de 2022 (49 mil). Ou seja, malandramente, a campanha de Bolsonaro compara oito anos de Lula com oito meses do atual presidente. O problema, como no caso de outras fake news, é o alcance da mentira: o vídeo teve quase 2,9 milhões de visualizações e foi divulgado também em outros canais bolsonaristas.

Por falar em malandragem, o InfoAmazonia também levantou o volume de doações obtidas pela campanha de Bolsonaro com pessoas autuadas por crimes ambientais. O presidente recebeu mais de R$ 3,1 milhões de 93 infratores ambientais nesta eleição – uma migalha perto dos R$ 306 milhões em multas, a maior parte relacionada a desmatamento ilegal na Amazônia e no Cerrado, acumulados por esses doadores e que podem vir a ser anistiados, dado o empenho do atual governo, que segue atropelando a legislação ambiental para anular multas e facilitar a vida dos infratores ambientais.

Já no Congresso Nacional, os parlamentares eleitos para a próxima legislatura esperam ansiosos pela definição do futuro presidente da República. Como assinalou Cinthia Leone no UOL, a atuação do Legislativo, principalmente dos partidos do famoso (e infame) Centrão, será muito influenciada pelo ocupante do Palácio do Planalto a partir de 1o de janeiro.

“Se o Bolsonaro se reeleger, com este Legislativo, estou certo de que veremos uma escalada de retrocessos. Se Lula se eleger, é possível que a força de um executivo federal mais alinhado com a pauta de clima crie um balanço necessário para impedir o avanço de agendas antiambientais no Congresso”, comentou André Lima, do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS).

Em tempo: Mesmo sem a definição do próximo governo, a bancada ruralista já festeja a possibilidade de ter a maioria do Senado Federal na próxima Legislatura. A Frente Parlamentar da Agropecuária projeta ao menos 40 senadores aliados à causa do total de 81, e existe a expectativa de que outros senadores também se aproximem do grupo, o que poderia aumentar esse número para 45. Estes dados foram publicados pelo Valor.

 

ClimaInfo, 07 de outubro de 2022.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine Nossa Newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar