FMI alerta: mitigação climática terá custo, mas inação sairá muito mais cara

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Uma análise do Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgada ontem (5/10) ressaltou que o custo da inação dos países contra a crise climática é muito maior do que o impacto econômico de medidas necessárias para reduzir as emissões de gases de efeito estufa nas próximas décadas. 

Pior: adiar essas medidas pode implicar em um preço ainda maior a se pagar, tanto para mitigação e adaptação, e um prejuízo ainda maior em termos de perdas e danos provocados por eventos extremos.

Em seu World Economic Outlook, o FMI projetou os custos necessários de uma redução global de 25% das emissões de GEE até 2030, em linha com o objetivo de descarbonização da economia até 2050. Os resultados mostram que essas medidas poderiam gerar uma desaceleração da economia internacional de 0,15% a 0,25% anual nesta década, dependendo da rapidez com que as diferentes regiões do globo abandonem o uso de combustíveis fósseis para geração de energia. Além disso, estimou-se que a inflação poderá aumentar moderadamente, de 0,1% a 0,4% no mesmo período.

Em contraposição, uma implementação parcial ou ineficaz das medidas pelos países pode quase dobrar o custo da transição energética no mundo até 2030, tanto em termos de PIB quanto de inflação.

“Mesmo nas circunstâncias mais favoráveis, quando a política monetária é crível e a transição para a eletricidade descarbonizada é rápida, o trade-off entre a produção e a inflação aumentaria significativamente. O PIB teria que cair 1,5% abaixo da linha de base ao longo de quatro anos para levar a inflação de volta à meta. O atraso para além de 2027 exigiria uma transição ainda mais apressada, na qual a inflação só poderá ser contida a um custo significativo para o PIB real”, destacaram os economistas Benjamin Carton e Jean-Marc Natal, responsáveis pelas projeções. “Quanto mais esperarmos, pior será o trade-off”.

Financial Times e Guardian repercutiram a análise do FMI.

Em tempo: Uma avaliação da OXFAM sobre as informações relativas ao financiamento para o clima prestado pelo Banco Mundial evidenciou uma falta de transparência sobre os fluxos de recursos para ação climática dos países em desenvolvimento. Segundo a entidade, o portfólio de US$ 17,1 bilhões identificado como “climático” para o ano fiscal de 2020 pode estar errado em até US$ 7 bilhões, para cima ou para baixo. “Descobrimos que [esse valor] pode estar 40% errado em qualquer direção e, como tal, simplesmente não podemos ter certeza do valor real. Nossa preocupação, claro, é o pior cenário possível – que o Banco possa estar superestimando significativamente sua contribuição para a causa”, observou Nafkote Dabi, chefe de política climática da OXFAM. O Banco Mundial é o maior provedor multilateral de financiamento climático, respondendo por mais de 55% do fluxo total de todos os bancos multilaterais de desenvolvimento combinados.

A notícia foi abordada por Business Green e Guardian.

 

ClimaInfo, 06 de outubro de 2022.

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