Eventos extremos: mudança do clima tornou enchentes na Nigéria 80 vezes mais prováveis

eventos extremos Nigéria
Temilade Adelaja/Reuters

As mudanças climáticas não vão esperar o andar trôpego dos negociadores na COP27. Apesar do debate sobre perdas e danos ter avançado no Egito, a estruturação desse mecanismo é urgente, pois os eventos climáticos se tornam cada dia mais intensos e frequentes. Um bom exemplo vem de um novo estudo divulgado pela iniciativa World Weather Attribution.

Enchentes devastadoras que atingiram neste ano a Nigéria, o Níger e o Chade, matando 800 pessoas, apresentam uma chance 80% maior de acontecer por causa das mudanças climáticas antropogênicas. Chuvas volumosas não são incomuns nessa região entre junho e novembro, mas as registradas em 2022 foram as piores em décadas. Quase 1,5 milhão de nigerianos foram deslocados, conta o jornal americano The New York Times.

Para chegarem a essa conclusão, os autores construíram dois modelos, um que simula um planeta sem agravamento do efeito estufa, e outro com um aquecimento global médio de 1,1ºC em relação ao registro pré-industrial – ou seja, a situação corrente. Uma chuva como a de 2022 seria extremamente rara, caso não houvesse aquecimento; contudo, situações desse tipo devem ocorrer a cada década de agora em diante, explica o britânico The Guardian. A agência Associated Press, a BBC, o Axios e o Washington Post também reportaram o estudo.

Além dos riscos imediatos às pessoas, as consequências de tais eventos extremos podem perdurar por meses. Enchentes também aumentam o risco de doenças e provocam perdas na produção de alimentos, como aconteceu no sul do Sudão, conta a Bloomberg. Um planeta mais quente pode intensificar tais efeitos em cascata, como indica outro estudo descrito no site Yale Climate Connections.

 

ClimaInfo, 21 de novembro de 2022.

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