Garimpo em Terras Indígenas da Amazônia cresceu 360% nos governos Temer e Bolsonaro

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Polícia Federal

Da área invadida por garimpeiros em Territórios Indígenas amazônicos, nada menos que 78% surgiram no período entre 2016 e 2022, mostra nota técnica do IPAM.

O garimpo em Territórios Indígenas da Amazônia avançou numa velocidade sem precedentes durante os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro. No período de 2016 a 2022, a atividade ilegal em TIs amazônica aumentou 361%, totalizando 25.000 hectares diretamente invadidos em 17 Territórios Indígenas. É o que mostra a nota técnica “As Cicatrizes do Garimpo em Terras Indígenas da Amazônia Brasileira”, publicada pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) na 6ª feira (26/4) e repercutida por Brasil de Fato, TV Cultura, BNC Amazonas e Correio da Bahia.

O levantamento identificou mais de 80.000 pontos de garimpo em toda a região amazônica, numa área total de 241.000 hectares. Isso equivale a cerca de 2 vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro e mais de 2 vezes o tamanho de Belém, no Pará, informam Agência Brasil, Valor, Carta Capital e Poder 360.

Assim, mais de 10% do total de áreas de garimpo estão dentro de TIs, relata o Brasil de Fato. E outros 84.300 hectares (ou 44% do total) estão em um raio de até 50 km dos limites das Terras Indígenas. Ou seja, mais de metade da área explorada pelo garimpo ilegal está dentro ou muito perto das áreas indígenas.

A pesquisa analisou a atividade mineradora na Amazônia ao longo de 37 anos, entre 1985 e 2022, explica a Agência Brasil. E o maior impacto observado ocorreu entre 2016 e 2022. A título de comparação, nesses seis anos, enquanto o garimpo avançou 12 vezes em extensão em toda a Amazônia, esse ritmo cresce para 16 vezes quando são consideradas apenas as TIs.

Segundo o estudo do IPAM, que cruzou dados dos mapas do MapBiomas com as informações de divisão territorial da FUNAI, apenas três Terras Indígenas (TIs) – Kayapó, Munduruku e Yanomami, em ordem – concentram 90% dos garimpos, instalados dentro de 17 das 335 TIs demarcadas na Amazônia. Mas o número de etnias afetadas aumenta para 139, já que muitas atividades garimpeiras ocorrem nas proximidades de suas terras, impactando principalmente os rios, detalha O Globo.

“O garimpo tem impacto direto na saúde indígena, bem documentado em trabalho da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), que mostra a contaminação pelo consumo de proteína dos peixes, pela água para consumo e preparo dos alimentos. Mas além disso, outros estudos apontam que a água também contamina a vegetação, que incorpora esse mercúrio e, com a incidência do fogo em períodos mais secos, o mercúrio vai para o ar e dependendo das correntes chega a áreas mais distantes ainda”, explicou uma das pesquisadoras da equipe que desenvolveu a nota técnica, Martha Fellows Dourado.

 

 

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ClimaInfo, 29 de abril de 2024.

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