Metas do Acordo de Paris ainda são viáveis – mas precisam de ação rápida

Acordo de Paris metas
Robert Hradil/Getty Images

A janela de oportunidade está ficando estreita, mas o mundo ainda tem chances para permanecer no caminho das metas climáticas definidas pelo Acordo de Paris, que limitam o aquecimento global neste século bem abaixo dos 2ºC em relação aos níveis pré-industriais.

A conclusão é do levantamento New Energy Outlook 2002, da BloombergNEF, que analisa como os sistemas de energia de nove países tidos como críticos para a ação climática (Estados Unidos, China, Índia, Reino Unido, França, Alemanha, Japão, Indonésia e Austrália) podem mudar nas próximas décadas e acelerar a transição energética.

O relatório explora dois cenários potenciais. No primeiro, batizado de “cenário de transição econômica”, que não preste nenhuma ação adicional para acelerar a transição para a energia limpa, o crescimento rápido da geração renovável e a eletrificação dos transportes poderão eliminar cerca de metade das emissões relacionadas à energia no mundo até 2050. Nesse caso, a transição acontece por fatores puramente econômicos, com as fontes eólica e solar ganhando espaço graças à redução de seus custos. Entretanto, neste cenário, o aquecimento ficaria limitado a 2,6ºC, bem acima do estabelecido pelo Acordo de Paris.

Já no “cenário líquido zero”, a transição energética é acelerada por novas medidas governamentais que favorecerão as fontes renováveis e diminuirão o consumo de combustíveis fósseis de forma sustentada e significativa nas próximas décadas. Neste caso, os investimentos em energia renovável precisarão quadruplicar até 2030, além de ter avanços tecnológicos em captura e armazenamento de carbono, que permitirão ao setor chegar a 2050 com suas emissões líquidas neutralizadas. Assim, o aumento da temperatura média global ficaria em 1,77ºC até o final do século – acima do limite mais ambicioso de Paris, de 1,5ºC, mas abaixo do limite máximo – 2ºC.

Em tempo: Por falar em metas de Paris, o diretor-executivo da Agência Internacional de Energia (IEA), Fatih Birol, segue defendendo a possibilidade de limitar o aquecimento global em 1,5ºC neste século. A meta foi questionada por alguns países na COP27, que colocaram em dúvida a viabilidade prática do limite – afinal, a temperatura média da Terra já está acima de 1,1ºC e se aproxima rapidamente do 1,5ºC. “É factualmente incorreto e politicamente muito errado”, reclamou Birol, citado pelo Guardian. “O fato é que as chances do 1,5ºC estão diminuindo, mas ainda é alcançável. Os defensores dos sistemas de energia existentes serão os beneficiários se o obituário do 1,5ºC for escrito”.

 

ClimaInfo, 1º de dezembro de 2022.

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