Desigualdade das emissões de carbono aumenta dentro dos países

A diferença entre as emissões de gases de efeito estufa entre ricos e pobres dentro de um país está ficando mais proeminente do que as diferenças nas emissões entre os diversos países. Essa é a conclusão de um novo estudo divulgado nesta semana pelo World Inequality Lab, grupo encabeçado pelo economista francês Thomas Piketty.

“Embora as desigualdades de emissões entre países permaneçam consideráveis, a desigualdade geral nas emissões globais agora é explicada principalmente por desigualdades dentro do país por alguns indicadores”, , ressaltou o relatório. 

Essa conclusão impõe um desafio adicional aos esforços globais para conter a mudança climática. A maior parte da política climática internacional tem se concentrado na diferença entre países desenvolvidos e em desenvolvimento e suas responsabilidades históricas e contemporâneas para o problema do aquecimento.

No entanto, com a desigualdade social se acentuando dentro dos países como um todo, a questão também passa a envolver aspectos domésticos que não são facilmente considerados na equação dos orçamentos de carbono. Por exemplo, o impacto climático das elites em países pobres é igual ou maior que o de suas contrapartes em nações ricas. Nesse contexto, uma questão chave é como restringir as emissões desses endinheirados sem penalizar a massa pobre em seu entorno.

O relatório aponta algumas recomendações para países e governos doadores, como novos compromissos de apoio financeiro para ação climática nos países pobres, que facilite a transição energética nessas economias. Outra sugestão mira os regimes nacionais e internacionais de tributação, com mudanças profundas para aumentar a progressividade geral e o retorno dos impostos e garantir que os esforços de mitigação e adaptação sejam compartilhados equitativamente entre a população.O estudo teve grande repercussão na imprensa internacional, com destaques em El País, Financial Times, Guardian e Le Monde.

ClimaInfo, 1º de fevereiro de 2023.

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