Empresas acusadas de lavagem de ouro estão envolvidas com o garimpo na Terra Yanomami

lavagem de ouro
Reprodução / Amazônia Real

A cadeia de atores que financia e operacionaliza o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami é vasta e numerosa, mas o grosso dos ganhos com o ouro sujo fica com poucas empresas e empresários, muitos baseados a milhares de quilômetros dos garimpos de Roraima.

Amazônia Real e Repórter Brasil revelaram dados de investigações recentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF) sobre essa rede de atores por trás do garimpo Yanomami. Pelo menos três das Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários (DTVM) que atuam no comércio de ouro no Brasil são também acusadas de ilegalidades em outros inquéritos: Carol, Ourominas e FD’Gold.

A Ourominas, por exemplo, é ré no Amapá por envolvimento com o garimpo em uma reserva ambiental, e no Pará é alvo de duas denúncias de lavagem de quase 1,1 tonelada de ouro ilegalmente retirado da Terra Indígena Zo’e. Já a FD’Gold e a Carol DTVM respondem a um processo judicial no Pará, acusadas de danos ambientais e de lavagem de 1,4 e 1,9 toneladas de ouro, respectivamente.

Mais recentemente, a FD’Gold ganhou o noticiário pelo envolvimento de seu presidente, Dirceu Frederico Sobrinho, em um esquema de lavagem de ouro ilegal adquirido de balsas clandestinas no Amazonas. Dirceu, que também é presidente da Associação Nacional do Ouro (ANORO), chegou a ser preso pela PF durante a Operação Aerogold.

Em tempo 1: Na Folha, Alexa Salomão fez uma reconstituição detalhada dos esquemas que permitem a retirada de ouro ilegal de Terras Indígenas e sua venda no mercado como produto “legal”. O ponto principal está na legislação anacrônica que permite a comercialização de metal sem a necessidade do vendedor comprovar efetivamente a origem do produto, dependendo apenas da “boa fé”. Além disso, o fato de essa documentação ser elaborada somente em papel dificulta o monitoramento das autoridades.

Em tempo 2: Também na Folha, João Gabriel abordou a ação de um grupo ligado ao garimpo ilegal no Pará no entorno da Terra Yanomami, em Roraima. Um levantamento feito no banco de dados da Agência Nacional de Mineração (ANM) mostrou que Nikolas Octavio Ayoub Godoy é titular de 16 processos de pesquisa ou permissão de lavra garimpeira em RR, todos protocolados a partir de 2020. As lavras ficam a cerca de 30 km do território Yanomami.

ClimaInfo, 6 de fevereiro de 2023.

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