Veículos elétricos são alvo de disputa entre EUA e Europa pela indústria verde

Volvo elétrico
Divulgação

A queda-de-braço entre Estados Unidos e União Europeia em torno de subsídios para a indústria verde deve ganhar mais força por conta da movimentação da indústria automobilística. 

De acordo com a Bloomberg, a sueca Volvo estuda a possibilidade de transferir seus investimentos na Europa para os EUA caso a UE não consiga oferecer condições que neutralizem os benefícios oferecidos pelos norte-americanos para o setor.

Isso porque, pela legislação norte-americana aprovada no ano passado, apenas veículos elétricos fabricados no país poderão ser beneficiados com subsídios para o consumidor. Para os europeus, essa restrição viola os princípios do livre comércio e pode esvaziar a indústria europeia que vende seus produtos para o mercado dos EUA.

“Se nada acontecer na Europa, teremos que pensar onde colocaremos os investimentos iniciais para aumentar a capacidade de algumas das tecnologias da cadeia de valor”, observou o CEO da Volvo, Martin Lundstedt. “Isso não é uma ameaça, mas sim [uma decisão] impulsionada pela demanda do cliente e onde os volumes vão acelerar”.

No mês passado, a UE anunciou que está discutindo um novo plano para facilitar a aplicação de incentivos fiscais para a indústria verde, como resposta às medidas dos EUA. Entretanto, divisões dentro do bloco europeu podem dificultar a estruturação e a implementação dessa proposta, o que preocupa empresas de tecnologia verde. O Financial Times abordou esses obstáculos e a corrida dentro da UE para fazer frente às ações dos EUA.

A disputa EUA-UE desperta sentimentos distintos entre os especialistas. Por um lado, como assinalado pela Bloomberg, alguns temem que a coisa descambe para uma guerra comercial transatlântica, o que seria péssimo considerando o momento geopolítico e econômico atual. Por outro, o recorte é menos pessimista entre outros analistas, que enxergam nessa corrida o caminho mais rápido para impulsionar a transição energética tão necessária para conter o aquecimento global.

“Uma corrida por subsídios dos três grandes blocos econômicos do mundo [EUA, UE e China] acelerará a queda dos custos, à medida que cada um tenta abocanhar uma fatia da nova economia verde. Isso acelerará o lançamento de tecnologia limpa e reduzirá ainda mais os custos”, destacou Hugo Dixon na Reuters. “Nesse sentido, é um erro pensar que o investimento em tecnologia verde é um jogo de soma zero. É possível – e de fato necessário – ter muito mais investimento em todos os lugares”.

ClimaInfo, 7 de fevereiro de 2023.

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