Big Oil dobra lucro em 2022 e aumenta pressão por tributação sobre ganhos

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Chicago Tribune | Tribune News Service

As últimas semanas foram de “festa” entre os acionistas e os executivos das principais empresas de petróleo e gás do planeta. As grandes do setor anunciaram lucros recordes relativos a 2022 com ganhos que representam um aumento superior a 100% em relação àqueles obtidos no ano anterior.

Segundo a Reuters, o lucro acumulado é de quase US$ 219 bilhões, o melhor resultado da história. Empresas como BP, Chevron, Equinor, ExxonMobil, Shell e TotalEnergies nadaram de braçada com o aumento acentuado dos preços dos combustíveis no ano passado, motivado pela guerra entre Rússia e Ucrânia e pelos efeitos da pandemia de COVID-19.

Essa dinheirama cairia bem para essas empresas se prepararem melhor para a transição energética. Isso porque as projeções mais otimistas do setor sugerem que a bonança é passageira e que a demanda por petróleo deve começar a cair em algum momento na próxima década, e seguir em redução constante nas próximas décadas.

No entanto, o que se vê é o contrário: mais da metade desse lucro bilionário está sendo usado para dividendos e recompra de ações, além de novos investimentos em projetos para ampliar a produção de combustíveis fósseis. As energias renováveis não devem se beneficiar desses recursos, a despeito dos “compromissos climáticos” assumidos por muitas dessas empresas.

Esse comportamento irresponsável do Big Oil aumentou a irritação de governos ao redor do mundo com a bonança excessiva da indústria do petróleo. Na CNBC, Sam Meredith abordou a pressão de políticos e lideranças sociais na Europa e nos EUA para elevar a tributação sobre essas empresas, inclusive como uma maneira de redução do impacto da alta dos combustíveis sobre os consumidores. A AFP também abordou a pressão crescente sobre a indústria fóssil.

A irritação é maior na Europa, onde as grandes empresas do setor costumam ser mais “proativas” (na concepção mais flexível possível do termo) na agenda da transição energética. Com políticas corporativas para clima mais estruturadas, BP, Shell e TotalEnergies se distinguiam de suas concorrentes norte-americanas, como Exxon e Chevron, que apenas recentemente começaram a incorporar o tema em sua estratégia comercial.No entanto, como assinalou a Bloomberg, o boom recente da indústria petroleira diminuiu o engajamento das empresas europeias com a transição para as energias renováveis.

ClimaInfo, 13 de fevereiro de 2023.

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