IBAMA e PF destroem equipamentos do garimpo em Terra Yanomami

IBAMA PF destruição equipamento ilegal
Divulgação PF

Agentes do IBAMA e da Polícia Federal continuam com a operação de retirada de garimpeiros e outros invasores da Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A operação, batizada de “Libertação”, acontece por conta da grave crise humanitária que acomete a população indígena, que ganhou destaque nas imprensas nacional e internacional nas últimas semanas. AFP, Agência Brasil, Estadão, Folha, g1, Jornal Nacional (TV Globo) e Reuters deram mais informações.

Por ora, o objetivo das ações é a interrupção da atividade garimpeira, com apreensão e destruição de maquinários e outros equipamentos, sem necessariamente prender os envolvidos nesses crimes. Um dos “achados” que mais chamou a atenção foi um helicóptero encontrado sob uma espécie de rede camuflada. Um avião de pequeno porte também foi encontrado e destruído pelos agentes federais.

“A lógica é destruir ou neutralizar a infraestrutura do crime. Desde barcos, aviões e carregamento de ouro à própria estrutura de extração: bombas, máquinas e dragas. Assim, a gente incapacita o infrator”, destacou o presidente interino do IBAMA, Jair Schmitt, a O Globo. Segundo ele, o governo federal está preparado para permanecer em território Yanomami “por um longo período” para garantir que os garimpeiros expulsos não retornem no futuro.

Enquanto isso, os garimpeiros seguem seu êxodo para fora da Terra Yanomami. Para facilitar a saída dos invasores, o governo federal liberou a circulação de barcos para a retirada de pessoas do território. De acordo com o g1, estão autorizados apenas barcos com piloteiro e proeiro, sem carga e que estejam subindo ou descendo o rio Uraricoera para buscar garimpeiros e outras pessoas. Todas as embarcações precisarão se apresentar ao posto integrado das forças federais em Palimiú antes de seguir viagem.

No UOL, Fabíola Perez descreveu a movimentação de garimpeiros e outros invasores que estão deixando o território indígena para Boa Vista e outros municípios de Roraima. Há temor entre as populações de que a presença dos garimpeiros possa estimular conflitos internos, já que a atividade envolve tráfico de drogas e milícias. Teme-se também que os garimpeiros sigam para outras Terras Indígenas do estado e entorno, o que pode “exportar” a crise para além do território Yanomami.

Mas nem todos os garimpeiros estão dispostos a deixar o território Yanomami. Segundo a Folha, equipes do IBAMA detectaram um fluxo de embarcações do garimpo transportando combustível e mantimentos dentro da reserva. Além disso, alguns grupos estariam dispostos a resistir contra as forças federais, inclusive com risco de enfrentamento armado.

Em tempo 1: Outra preocupação das autoridades é que a crise humanitária entre os Yanomami intensifique um movimento de indígenas para fora da reserva, o que pode deixá-los ainda mais vulneráveis. Grupos indígenas já circulam pelas ruas de Boa Vista, sem dinheiro para voltar para seu território e sem emprego para se manter na cidade. Fabiano Maisonnave e Edmar Barros abordaram essa situação na Associated Press.

Em tempo 2: Os indícios da omissão criminosa do governo Bolsonaro com a crise Yanomami se acumulam. Carlos Madeiro revelou no UOL que a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde cortou a alimentação doada aos Yanomami mesmo após ter sido alertada da grave situação de desnutrição vivida pelos indígenas. Os cortes aconteceram entre 2021 e 2022, quando já havia indícios da gravidade potencial dessa crise.

ClimaInfo, 13 de fevereiro de 2023.

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