“Fazendas de carbono” na Austrália atraem atenção e causam polêmica

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Washington Post

Uma das poucas políticas climáticas que resistiram a uma década de governos conservadores na Austrália, a política de pagamento a produtores rurais pelo carbono estocado em suas propriedades, segue sendo a mais celebrada do país e vendida por seus defensores como um “exemplo” para o resto do mundo. Mas, nos detalhes, a coisa pode ser diferente daquilo que tem sido vendido.

O Washington Post abordou a questão. Em média, o governo australiano paga cerca de US$ 450 milhões a proprietários de terra por preservação, plantio ou regeneração de áreas florestais e vegetação que armazenam dióxido de carbono. Para muitos produtores, esse dinheiro tem sido bem-vindo, inclusive como uma renda permanente que ajuda a aliviar eventuais apertos financeiros.

No entanto, para ativistas climáticos e especialistas, o sistema não garante a integridade dos créditos de carbono decorrentes do projeto. Sem integridade, o que se tem é um problema comum a todos os projetos que lidam com mercados de carbono: o greenwashing.

“Nós [australianos] certamente lideramos o mundo em greenwashing patrocinado pelo estado”, lamentou Polly Hemming, especialista em mercado de carbono do think tank Australia Institute. “Ainda não vi um projeto de carbono que esteja legitimamente evitando ou reduzindo as emissões no nível que diz, e agora os créditos de carbono estão sendo usados para justificar novos projetos de gás e carvão”.

Até mesmo alguns produtores rurais que se beneficiam do programa de créditos de carbono também apontam problemas. Um exemplo é que o “cultivo de carbono” resultou no aumento dos preços da terra. Além disso, faltam critérios para definir o que é vegetação para efeitos de armazenamento de carbono.

ClimaInfo, 15 de fevereiro de 2023.

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