As pretensões da União Europeia para proibir a venda de veículos novos a combustão a partir de 2035 estão batendo de frente com os interesses da principal economia do bloco, a Alemanha. O governo de Berlim pediu formalmente à UE que modifique seu plano e inclua veículos com motor de combustão movidos a combustíveis neutros em CO2, ao invés de restringir as vendas apenas para 100% elétricos.
O argumento alemão é de que os chamados e-combustíveis, combustíveis sintéticos que estão sendo desenvolvidos com base em energia renovável e com captura de carbono, atenderiam aos objetivos da UE de zerar as emissões de gases de efeito estufa de sua frota automotiva até meados da próxima década.
“Precisamos da tecnologia de hidrogênio [célula de combustível] e também de e-combustíveis, especialmente em veículos pesados, no transporte por caminhões”, afirmou Michael Theurer, secretário do ministério dos transportes da Alemanha, citado pela Reuters. Já o ministro Volker Wissing sugeriu à Associated Press que a Alemanha pode não apoiar a proibição à venda de veículos a combustão na UE caso a Comissão Europeia não considere a questão.
A proposta não é consensual dentro do governo do primeiro-ministro Olaf Scholz. O Partido Verde, aliado dos social-democratas em Berlim, defende o fim da venda de carros a combustão na Europa, em linha com o que a UE definiu no ano passado. A Bloomberg abordou essa divisão e os efeitos que ela pode causar na estratégia climática da UE.
Em tempo: Um levantamento da Agência Internacional de Energia (IEA) mostrou que a frota global de veículos utilitários SUV emitiu quase 1 bilhão de toneladas de CO2 em 2022, o equivalente às emissões combinadas do Reino Unido e da Alemanha. As vendas de SUV se mantiveram nos últimos anos mesmo com os resultados ruins do setor automobilístico em geral, o que levanta mais preocupações com o impacto climático desse tipo de carro. O Guardian deu a notícia.
ClimaInfo, 1º de março de 2023.
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