Fiscais querem bloqueio de internet por satélite na Terra Yanomami para barrar garimpo

Terras Yanomami sinal internet
ISA

A tecnologia está favorecendo o garimpo na Terra Indígena Yanomami. Agentes do IBAMA apontam que os invasores estão utilizando serviços de internet por satélite para se comunicar e até fazer e receber pagamentos associados à atividade ilegal. Por isso, eles defendem o bloqueio desses serviços na região para facilitar a retirada dos garimpeiros.

O Brasil de Fato informou que um dos serviços de internet mais populares entre os garimpeiros na Terra Yanomami é o Starlink, do bilionário Elon Musk. Uma antena desse sistema é revendida por até R$ 9,5 mil, quase quatro vezes o valor cobrado pela empresa. A mensalidade também está inflacionada, na casa dos R$ 2,5 mil, o que mostra o interesse dos garimpeiros nessa tecnologia.

A oferta da Starlink na região amazônica foi um dos serviços vendidos por Musk em sua polêmica visita ao Brasil no ano passado, quando se encontrou com empresários e o então presidente Jair Bolsonaro em um resort no interior de São Paulo. Na época, o governo sugeriu utilizar o serviço para viabilizar um novo sistema de monitoramento ao desmatamento – à despeito dos satélites de Musk não terem essa capacidade.

“A maior parte dos pagamentos na área Yanomami ocorre em ouro, mas outra parte ocorre em Pix”, afirmou ao Brasil de Fato Hugo Loss, coordenador de operações de fiscalização do IBAMA. “A troca de informações sobre as operações – o que está acontecendo, onde estão as equipes de fiscalização – ocorrem na internet de forma livre o tempo todo”.

Enquanto isso, em Brasília, o Senado Federal aprovou a ampliação do número de membros da comissão temporária que acompanha a crise Yanomami. Hoje com cinco integrantes, o colegiado aumentará para oito. A ideia é diluir o poder dos senadores de Roraima, que fazem parte do grupo e são defensores declarados do garimpo.

“Esta comissão, da forma como está, não tem representatividade necessária e suficiente para o enfrentamento de um tema tão grave para o Brasil”, justificou a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), vice-presidente do grupo e uma das propositoras de sua ampliação. “Todos os movimentos sociais, todas as entidades que trabalham na questão da proteção dos Povos Tradicionais brasileiros estão acompanhando e estão reclamando porque a comissão, de fato, está muito limitada”. CNN Brasil, Congresso em Foco e g1 repercutiram a notícia.

Em tempo 1: O ex-ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, teria mentido sobre as condições de uma pista de pouso no território Yanomami para rejeitar um pedido de ajuda da Polícia Federal contra o garimpo no final de 2022. De acordo com The Intercept Brasil, Nogueira alegou “falta de condições de operação” para a pista – mas ela jamais deixou de operar e sempre esteve apta para tanto. Além de negar apoio, o ex-ministro de Bolsonaro também ignorou uma alternativa proposta pela própria PF para viabilizar o apoio das Forças Armadas no combate ao garimpo.

Em tempo 2: A Folha informou que a Justiça Federal do Pará afastou três servidores da Agência Nacional de Mineração (ANM) sob a suspeita de uso indevido de função pública para favorecer uma mineradora com indícios de ser de fachada. Um dos suspeitos é Fabio Louzada Martinelli, que atuou como gerente regional da ANM no Pará no ano passado, ainda sob o governo Bolsonaro.

ClimaInfo, 2 de março de 2023.

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