Com presidente pró-garimpo, senadores colocam em xeque comissão sobre crise Yanomami

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Jefferson Rudy/Agência Senado

A comissão temporária do Senado para acompanhar a crise humanitária Yanomami segue dando o que falar (mal, aliás). A atuação de seu presidente, o senador Chico Rodrigues, é alvo de críticas de outros parlamentares, que o acusam de querer tirar o foco do sofrimento indígena para beneficiar os invasores garimpeiros.

A comissão é formada pelos três representantes de Roraima no Senado – Rodrigues, Hiran Gonçalves (PP) e Mecias de Jesus (Republicanos), também notórios defensores do garimpo – além dos senadores Humberto Costa (PT-PE) e Eliziane Gama (PSD), esta última vice-presidente do colegiado. Assim, a composição privilegia os interesses da bancada de Roraima.

De acordo com o Congresso em Foco, o futuro da comissão está em xeque, já que Costa e Gama defendem a inclusão de outros senadores no grupo, para diluir o poder dos parlamentares de RR. Caso contrário, eles sugerem a possibilidade de deixar o colegiado, esvaziando-o antes mesmo de começar a funcionar.

Em paralelo, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) apresentou ofício ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), pedindo o afastamento de Rodrigues da presidência da comissão temporária. Para a entidade, o senador possui conflito de interesse por defender e incentivar o garimpo e a exploração de recursos naturais no território indígena. O Globo deu mais informações.

O mal-estar deve aumentar: a Agência Pública revelou que os três senadores de RR assinaram um ofício no qual pedem ao governo federal e à Procuradoria-Geral da União o “perdão criminal” dos garimpeiros eventualmente flagrados dentro do território Yanomami.

No documento, os senadores pedem que os agentes federais responsáveis pela retirada dos invasores da Terra Yanomami assegurem a “ausência de repressão ou persecução penal no momento de sua retirada, uma vez que foram enredados na atividade de mineração premidos para garantir o próprio sustento e o de suas famílias”.

Em tempo: Peritos da Polícia Federal estão estudando amostras de ouro retirado ilegalmente da Terra Yanomami com o objetivo de identificar sua “assinatura química”. Essa informação permitiria aos investigadores diferenciar o minério retirado especificamente dessa região, facilitando o trabalho de fiscalização. O Valor deu mais detalhes sobre a iniciativa.

ClimaInfo, 28 de fevereiro de 2023.

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