Incêndios florestais na Austrália aumentaram buraco na camada de ozônio, mostra estudo

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David Gray/Getty

Pesquisadores do Massachussets Institute of Technology (MIT, na sigla em inglês) concluíram que a fumaça dos megaincêndios florestais ocorridos na Austrália entre o final de 2019 e o início de 2020 – o chamado “Verão Negro” – provocou uma reação química que aumentou em 10% o tamanho do buraco da camada de ozônio na estratosfera. O estudo foi publicado na revista Nature.

O fogo que atingiu vastas áreas das florestas de eucalipto australianas lançou mais de 1 milhão de toneladas de partículas de fumaça na atmosfera, em alturas superiores a 30 quilômetros. Pesquisas anteriores mostraram que esse material ampliou o buraco na camada de ozônio localizada sobre a Antártica. A equipe do MIT explicou o porquê desse fato, informa o Um só planeta.

Há muito tempo os cientistas associam a formação de buracos de ozônio ao frio extremo, pois as nuvens nessas temperaturas muito baixas fornecem uma superfície com a qual os clorofluorcarbonos (CFCs) remanescentes na atmosfera reagem, transformando-se em outros produtos químicos que tornam o cloro mais prejudicial à camada de ozônio, contam AFP e O Globo. Isso explica a ocorrência do buraco no continente antártico, apesar do Protocolo de Montreal, de 1987, ratificado por 195 países, ter reduzido drasticamente a quantidade de CFCs lançados na atmosfera.

Contudo, o aumento de mais de 2 milhões de quilômetros quadrados no tamanho do buraco na camada de ozônio na Antártica ocorrido após os incêndios na Austrália acendeu o sinal amarelo. Por isso, a professora Susan Solomon, cientista atmosférica do MIT e líder da pesquisa, explica que a destruição do ozônio pelas partículas de fumaça é semelhante ao processo de formação do buraco nessa camada sobre o continente antártico, informa o Guardian. “Mas em temperaturas muito mais quentes”, completou ela.

Além do efeito na Antártida, os pesquisadores do MIT verificaram que, ao desencadear a reação química com o cloro presente na atmosfera, os particulados da fumaça oriunda dos incêndios provavelmente contribuíram para um esgotamento de 3% a 5% do ozônio total em latitudes médias no Hemisfério Sul, em regiões sobre a Austrália, Nova Zelândia e partes da África e da América do Sul, informa o ScienceDaily.

A descoberta traz preocupações dos cientistas quanto à recuperação da camada de ozônio sobre o Hemisfério Sul – prevista para ocorrer em 2060, de acordo com uma modelagem da Organização das Nações Unidas (ONU). Com as mudanças climáticas, há uma tendência de haver mais incêndios florestais. E isso pode afetar este cronograma.

Um outro alerta vem também da Austrália, segundo o Sky News. Os incêndios aumentaram nas últimas semanas no leste do país, à medida que o fenômeno meteorológico La Niña diminui seu domínio no Oceano Pacífico e os dias úmidos dão lugar ao sol de verão. A poucos dias do outono, as perspectivas sugerem uma temporada de incêndios florestais mais ativa no interior do leste e também em bolsões do oeste da Austrália Ocidental.

Em tempo: Pesquisas mostram que, para conseguir sobreviver ao aumento da temperatura, à poluição de rios e aos eventos climáticos extremos, como longos períodos de seca e de chuvas intensas, espécies animais estão alterando o seu modo de vida, sua maneira de se reproduzir e até o seu tamanho. Na lista de animais mais atingidos pelas mudanças climáticas, as abelhas aparecem como um dos mais impactados. As tartarugas marinhas e de água doce também são impactadas diretamente pelas mudanças climáticas, além de anfíbios como sapos, rãs e pererecas, lagartos, macacos e caranguejos, informa a BBC.

ClimaInfo, 13 de março de 2023.

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