Metade das vendas globais de água engarrafada pagaria acesso universal à água potável 

água engarrafada
Smederevac/iStockphoto

As vendas de água engarrafada em todo o planeta movimentam anualmente cerca de US$ 270 bilhões. Com menos da metade desse valor, seria possível levar água potável a 2 bilhões de pessoas no mundo sem acesso ao líquido, pontua a Bloomberg. Essa é uma das principais conclusões de um estudo sobre a indústria global de água engarrafada feito pelo Instituto da Água, Meio Ambiente e Saúde da Universidade da ONU.

Além de tirar o foco da universalização do acesso à água potável – um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) –, a produção de água engarrafada provoca um grave problema ambiental: o descarte inadequado de material plástico. São cerca de 600 bilhões de garrafas, que somam 25 milhões de toneladas de resíduos plásticos. Material que não é reciclado e vai parar, em sua maioria, em aterros sanitários, menciona a AFP – e nos oceanos, em última instância.

Com base em dados de 109 países, os pesquisadores mostram que o mercado de água engarrafada cresceu 73% de 2010 a 2020, informa a CNN. E a tendência é aumentar ainda mais. Os cerca de 350 bilhões de litros consumidos em 2021 devem passar para 460 bilhões de litros até 2030, relata a Reuters.

Estados Unidos, China e Indonésia respondem, juntos, por metade do mercado global de água engarrafada. A Alemanha é o maior mercado da Europa, o México, na América Latina e Caribe, e a África do Sul no continente africano.

No Hemisfério Norte, os consumidores tendem a comprar água engarrafada por sua portabilidade e pela percepção de que é mais saudável e saborosa do que a água da torneira. Já no Sul Global, as vendas são impulsionadas pela falta de abastecimento público confiável de água, relata a Mídia Ninja.

“O aumento no consumo de água engarrafada reflete décadas de progresso limitado e muitas falhas nos sistemas públicos de abastecimento de água”, disse o diretor do instituto, Kaveh Madani.

A ONU estima que cerca de 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso à água potável. E o número de pessoas que tiveram acesso cresceu apenas 4% entre 2016 e 2020.

Em tempo: A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) propôs novos padrões para os chamados “produtos químicos eternos” nocivos na água potável pública. A medida foca nas substâncias polifluoroalquil e perfluoroalquil, conhecidas como PFAS, que causam câncer e outros problemas de saúde. Pela proposta da EPA, os serviços públicos de água serão obrigados a monitorar seis produtos químicos PFAS e reduzir os níveis dessas substâncias no abastecimento de água, informa a AFP.

ClimaInfo, 22 de março de 2023.

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