Fragilidade institucional e falta de políticas locais dificultam combate a incêndios em fronteira tríplice amazônica

29 de março de 2023
incêndios florestais MAP
Acervo dos pesquisadores

Um artigo publicado no International Journal of Disaster Risk Reduction aponta vulnerabilidades organizacionais, socioculturais e políticas como as principais barreiras para uma boa governança contra incêndios florestais na fronteira trinacional do sudoeste da Amazônia. A região, conhecida como MAP, engloba os estados/departamentos de Madre de Dios, no Peru; Acre, no Brasil; e Pando, na Bolívia.

A pesquisa, elaborada pelo Projeto MAP-Fire, foi feita por meio de um questionário virtual, aplicado entre 2020 e 2021, durante a pandemia de COVID-19, a 111 gestores públicos, cientistas e representantes de ONGs da região. Entre os problemas políticos e organizacionais, os entrevistados apontaram o número insuficiente de servidores(as) e pessoal; recursos financeiros limitados; desregulamentação da legislação ambiental; e influência política no funcionamento das organizações públicas e privadas.

No que diz respeito às vulnerabilidades socioculturais, os colaboradores do estudo listaram as instabilidades de políticas públicas nacionais e locais como uma falha na governança, informa a Folha. Para eles, as ações no combate a incêndios na região espelham propostas de medidas nacionais, sem observar as peculiaridades da região. Eles ainda chamaram atenção para a falta de participação da comunidade e para aspectos socioculturais do uso do fogo, principalmente em zonas de pastagem e agricultura próximas a áreas de preservação ambiental.

“Morando no Acre, temos pouco ou nenhum protagonismo, principalmente quando se fala de meio ambiente. Vemos cientistas de outras regiões e até de outros países falando da Amazônia, chamando a atenção para o tema, mas nós, que moramos aqui, ficamos fora dessa governança”, pontuou a socióloga Gleiciane Pismel, colaboradora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (CEMADEN) e uma das autoras do estudo.

O levantamento ainda mostra que 60% dos entrevistados consideram o desmatamento como a principal causa dos incêndios florestais na Amazônia. Em seguida, vem o uso do fogo na gestão agrícola (58%) e as secas (39%), destaca a Agência FAPESP.”Há um número muito limitado de pesquisas que avaliam a governança, especificamente associada às queimadas, um tema crescente, emergente e urgente que a Amazônia vem enfrentando. Nesse sentido, buscamos reunir uma equipe multidisciplinar e transfronteiriça para analisar a questão”, explica Liana Anderson, pesquisadora do CEMADEN e também autora do artigo.

ClimaInfo, 29 de março de 2023.

Clique aqui para receber em seu e-mail a Newsletter diária completa do ClimaInfo.

Continue lendo

Assine nossa newsletter

Fique por dentro dos muitos assuntos relacionados às mudanças climáticas

Em foco

Aprenda mais sobre

Glossário

Este Glossário Climático foi elaborado para “traduzir” os principais jargões, siglas e termos científicos envolvendo a ciência climática e as questões correlacionadas com as mudanças do clima. O PDF está disponível para download aqui,
1 Aulas — 1h Total
Iniciar