Petroleiras seguem lucrando com alta global nos preços dos combustíveis

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Enquanto os países titubeiam em definir prazos para eliminar os combustíveis fósseis da matriz energética global, as petroleiras vão ganhando – e muito bem, obrigado. Com a guerra da Ucrânia ainda pairando como um fantasma sobre a garantia de energia, devido às sanções de Estados Unidos e União Europeia à Rússia, as companhias de petróleo surfam na instabilidade de preços e elevam seus lucros, enquanto reveem planos de descarbonização – o que vem provocando reações de acionistas, descontentes com tais decisões.

A britânica bp registrou US$ 5 bilhões em lucro de custo de reposição no primeiro trimestre, ante US$ 4,8 bilhões obtidos de outubro a dezembro de 2022. A empresa disse que os ganhos refletem “um resultado excepcional de marketing e negociação de gás” e um “resultado muito forte de negociação de petróleo”, detalha a AP.

As estadunidenses Exxon Mobil e Chevron estão obtendo lucros nunca vistos desde que o petróleo atingiu US$ 145 o barril em 2008 – quase o dobro do preço atual. A Exxon teve seu melhor início de ano, com lucro líquido de US$ 11,4 bilhões no primeiro trimestre, depois que a produção de petróleo disparou em novos poços nos EUA e na costa da América do Sul. O lucro da Chevron aumentou ligeiramente, para US$ 6,6 bilhões, uma vez que os lucros do refino de petróleo se recuperaram em meio à crescente demanda por combustível, explica a Bloomberg. O New York Times também tratou dos resultados das duas petroleiras.

E a Exxon deixa claro que não joga para perder, ainda que isso piore as condições climáticas do planeta. Com o governo colombiano prestes a proibir o fracking, a petroleira tenta recuperar seu investimento em um projeto-piloto no país. A Exxon manteve oito contratos de exploração e produção na Colômbia, incluindo o piloto de fracking. Todos foram ou estão sendo encerrados, suspensos ou liquidados, informa o Climate Change News.

Outra que não joga para perder é a francesa Total. A Bloomberg conta que a petroleira pediu aos acionistas que votassem contra uma resolução de investidores solicitando que a companhia busque a redução nas emissões de carbono de seus clientes, o chamado Escopo 3, de emissões indiretas. A resolução não vinculativa é apoiada pelo grupo ativista Follow This e por investidores institucionais americanos e europeus que detêm menos de 1,4% das ações da Total.

Mas não é só a Total que vem sendo pressionada por investidores e ambientalistas. Alguns dos maiores fundos de pensão do Reino Unido votaram contra a renomeação do presidente da bp, Helge Lund, pela decisão da empresa de enfraquecer seus planos climáticos. A maioria dos acionistas, porém, apoiou Lund, informa a BBC. A petroleira enfrentou investidores e ativistas em sua reunião anual, alegando que sua estratégia estava alinhada com o Acordo de Paris, apesar de ter desacelerado o ritmo em que reduzirá a produção de óleo e gás, relata o Financial Times.

A pressão também aumenta sobre os bancos. Uma onda crescente de investidores apoiou as demandas por planos de mudança climática do Goldman Sachs, Wells Fargo e Bank of America (BofA) nesta semana, enquanto os credores enfrentam cobranças contínuas sobre seu papel no financiamento do aquecimento global, segundo o Financial Times.

ClimaInfo, 3 de maio de 2023.

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