Estudo indica degelo acelerado em uma das maiores geleiras da Groenlândia

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Jesse Allen e Robert Simmon / NASA Earth Observatory

Pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine e do Laboratório de Propulsão a Jato da Agência Espacial dos EUA (NASA) analisaram a situação da geleira Petermann, uma das maiores da Groenlândia, na América do Norte, para entender a dinâmica entre gelo e oceano no contexto do aquecimento global. A conclusão deles é preocupante: a magnitude do aumento potencial do nível do mar decorrente do degelo desses enormes corpos de gelo é muito maior do que o que se tinha até agora.

Utilizando dados de radar de satélite de três missões europeias, os pesquisadores descobriram que a linha de aterramento (onde o gelo se desprende do leito terrestre e começa a flutuar no oceano) da geleira Petermann muda substancialmente durante os ciclos das marés, permitindo que a água quente do mar penetre e derreta o gelo em ritmo acelerado.

“A linha de aterramento de Petermann poderia ser descrita com mais precisão como uma zona de aterramento, porque ela migra entre 2 e 6 km à medida que as marés entram e saem”, explicou Enrico Ciraci, da Universidade da Califórnia e principal autor do estudo. “Esta é uma ordem de magnitude maior do que o esperado para linhas de aterramento em um corpo de gelo rígido.”

A pesquisa descobriu também que, à medida que a linha de aterramento de Petermann recuou quase 4 km entre 2016 e 2022, a água quente esculpiu uma cavidade de mais de 204 metros de altura na parte inferior da geleira. Essa anormalidade expôs ainda mais o gelo interno às temperaturas mais quentes do mar, intensificando seu derretimento.

“Essas interações gelo-oceano tornam as geleiras mais sensíveis ao aquecimento do oceano”, destacou Eric Rignot, coautor do estudo e cientista da NASA. “Essas dinâmicas não estão incluídas nos modelos climáticos e, se as incluíssemos, aumentariam as projeções de elevação do nível do mar em até 200%, não apenas para Petermann, mas para todas as geleiras que terminam no oceano, que é a maior parte do norte da Groenlândia e toda a Antártica.” O estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS).

ABC News, Associated Press, Axios, CNN Brasil, Deutsche Welle, Gizmodo e Washington Post, entre outros, repercutiram a análise.

ClimaInfo, 12 de maio de 2023.

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