Montadoras sugerem incluir elétricos em plano do governo para reaquecer mercado automotivo

Brasil carros elétricos populares
Carla Carniel - Reuters

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) encampou as críticas recentes do presidente Lula ao mercado automotivo brasileiro e prepara um plano para incentivar a produção dos chamados “carros populares” para facilitar a compra de novos veículos pelos consumidores de menor poder aquisitivo.

De acordo com a Folha, a ideia do governo é reduzir o preço médio dos veículos mais baratos do mercado, hoje na casa dos R$ 70 mil, para uma faixa entre R$ 50 mil e R$ 60 mil. Para tanto, o plano pode prever uma mescla de incentivos fiscais, com redução de impostos, e linhas de crédito com taxa de juros mais baixa aos consumidores.

De acordo com a reportagem, o setor está dividido sobre a utilidade do pacote: para algumas montadoras, a oferta de um veículo mais simples, sem itens tecnológicos valorizados pelos motoristas, não deverá atrair a atenção dos consumidores. Nesse sentido, as empresas sugerem que o pacote inclua também estímulos à produção de carros híbridos e elétricos, em linha com a estratégia global de gigantes do setor como General Motors e Volkswagen.

O sucesso do plano dependerá principalmente da superação de um desafio estrutural que se arrasta no mercado automotivo desde meados da década passada: a queda na renda média dos brasileiros. A pandemia intensificou o problema e, hoje, a junção de inadimplência com uma taxa de juros alta está afastando os consumidores.

Já o Estadão lembrou do último plano governamental para impulsionar os “carros populares” no Brasil, na década de 1990, durante o governo de Itamar Franco. O Fusca, xodó do então presidente, acabou simbolizando esse movimento de retomada da indústria automotiva nacional. Na época, o plano deu certo, em parte pelo atraso tecnológico que o setor apresentava.

O contexto atual é bem diferente, já que existe uma série de exigências legais relativas a itens de segurança, eficiência energética e emissão de poluentes que acabam se refletindo no preço. Por isso, as montadoras argumentam que mesmo uma redução nos impostos não conseguirá reduzir significativamente o preço do veículo.

Correio Braziliense e Click Petróleo e Gás também repercutiram as ideias do governo federal para baratear os carros 0km no Brasil.

Em tempo: As vendas de carros híbridos e elétricos seguem crescendo no mercado brasileiro. Dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE) indicam que os emplacamentos desses modelos no Brasil alcançaram 4.793 unidades em abril passado, um crescimento de 53,5% em relação ao mesmo mês de 2022, mas uma queda de 20% em relação a março deste ano. Ainda assim, abril de 2023 repetiu os meses anteriores e foi o melhor mês da série histórica para o segmento, iniciada em 2012. A notícia é do Inside EVs.

ClimaInfo, 15 de maio de 2023.

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