Aquecimento acima de 2ºC empurrará bilhões de pessoas para fora do “nicho climático humano”

nicho climático
peeterv/Getty

A insuficiência das promessas climáticas atuais para conter o aumento da temperatura média global pode colocar bilhões de pessoas sob risco de conviver com um clima totalmente diferente daquele que marcou toda a existência humana até agora, o que pode comprometer a capacidade de sobrevivência de nossa espécie em várias partes do mundo. O alerta é de um novo estudo publicado nesta 2ª feira (22/5) na revista Nature Sustainability

Segundo a pesquisa, considerando os cortes projetados nas emissões de gases de efeito estufa pelos países em suas NDCs, o mundo caminha para um cenário de aquecimento de 2,7oC em relação aos níveis pré-industriais, superior ao limite máximo de 2,0oC definido sob o Acordo de Paris. Um aquecimento nesta proporção significaria que 2 bilhões de pessoas experimentariam temperaturas médias anuais acima de 29oC até 2030, um nível de aquecimento superior àquilo que se observou por milênios.

Os impactos mais significativos seriam vistos em países populosos mais pobres, como Índia e Nigéria, que já convivem com os efeitos de um clima mais quente, como um aumento da mortalidade associada ao calor. No ano passado, uma forte onda de calor assolou o subcontinente indiano, elevando as temperaturas máximas para a casa dos 50oC.

O “nicho climático” abrange as condições climáticas médias que favorecem a vida humana na Terra, com temperatura anual entre 13oC e 25oC. O estudo indica que, hoje, 60 milhões de pessoas já vivem fora desse “nicho” e que cada aumento de 0,1oC na temperatura global acima dos 1,2oC de aquecimento pode empurrar 140 milhões de pessoas para fora dessas condições. No pior cenário de aquecimento, onde a temperatura média global se elevaria em 3,6oC em relação aos níveis pré-industriais, quase metade da população global pode ficar de fora do nicho climático humano até o final do século.

AFP, Bloomberg, Business Green, Deutsche Welle, Guardian e TIME, entre outros, repercutiram o estudo.

ClimaInfo, 23 de maio de 2023.

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