Estudo: indústria fóssil acumula trilhões de dólares em reparações não pagas por crise climática

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Ahmed Jadallah/Reuters

As maiores empresas de combustíveis fósseis do mundo deveriam pagar cerca de US$ 209 bilhões anuais às comunidades mais prejudicadas pelos efeitos da mudança do clima. A conta foi feita por um novo estudo publicado na semana passada na revista One Earth. De acordo com a análise, gigantes do Big Oil como BP, Shell, ExxonMobil, Chevron e Total somariam incríveis US$ 5,4 trilhões em reparações climáticas devidas somente entre os anos de 2025 e 2050.

O estudo é o primeiro a fazer uma quantificação do ônus econômico causado por empresas individuais do setor de óleo e gás. O cálculo considera somente as perdas materiais decorrentes da intensificação de eventos climáticos extremos, como tempestades, secas e grandes ondas de calor e frio. Ou seja, se considerarmos outros tipos de perdas e danos não-econômicos, como as mortes humanas, a extinção de espécies de fauna e flora e a perda de meios de subsistência, esse valor deve ser ainda maior.

“As empresas de combustíveis fósseis têm uma responsabilidade moral com as partes afetadas pelos danos climáticos e têm o dever de corrigir tais danos”, destacaram os autores Marco Grasso (Universidade de Milão-Bicocca, na Itália) e Richard Heede (Climate Accountability Institute).

Com base no banco de dados Carbon Majors, que continua a registrar dados sobre as emissões dos maiores poluidores, e uma pesquisa com 738 economistas climáticos, o novo estudo estima que a mudança climática causará US$ 99 trilhões em danos econômicos globais entre 2025 e 2050. 

Os autores também argumentam que os danos causados pela indústria fóssil não se limitam aos impactos da produção e da queima de combustíveis, mas também contempla a desinformação que essas empresas promoveram nos últimos 50 anos, o que dificultou a conscientização do público sobre a gravidade da crise climática e atrasou os esforços governamentais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.

Por curiosidade: o estudo também estimou o passivo da brasileira Petrobras. São cerca de 4 bilhões de dólares anuais entre 2025 e 2050, com o acumulado de US$ 101 bilhões. Para efeito de comparação, a petroleira reservou US$ 3 bilhões em seu plano estratégico de 2023-2027 para a perfuração de 16 poços exploratórios de petróleo na foz do rio Amazonas, na Margem Equatorial Brasileira.

O estudo foi repercutido na imprensa por Climate Home, Guardian e Inside Climate News, entre outros veículos.

ClimaInfo, 22 de maio de 2023.

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