Brasil e Reino Unido colocam R$ 77 mi em experimento para medir resistência da floresta amazônica a mudanças climáticas

AmazonFace
Cimone Barros / INPA / Agência Câmara

Em passagem pelo Brasil, o ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, James Cleverly, anunciou que seu país vai investir cerca de R$ 12,3 milhões no projeto AmazonFACE. Instalado a 80 km de Manaus, capital do Amazonas, o programa está sendo implantado para avaliar o futuro da floresta amazônica diante do avanço das emissões de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas já sentidas no planeta.

Cleverly visitou o AmazonFACE juntamente com a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, que confirmou a liberação de R$ 32 milhões por sua pasta para o projeto, informa a Exame. Somando a aportes anteriores, o AmazonFACE recebeu até agora R$ 77 milhões, explica a Agência Brasil.

Pesquisadores coordenados por David Lapola, da UNICAMP, e Carlos Alberto Quesada, do INPA, comandam as obras do laboratório a céu aberto. No momento, estão erguendo seis anéis metálicos gigantes, formados por 16 torres de 35 metros cada, que vão simular os efeitos da concentração de CO₂ na vegetação. Cada um desses espigões terá, acoplado na ponta, canos que borrifam ar enriquecido com dióxido de carbono.

De acordo com O Globo, a parafernália científica é um atalho para vislumbrar como, daqui a algumas décadas, a Amazônia vai lidar com o aumento desses gases. “Uma das perguntas mais importantes é como a floresta vai reagir em um mundo com mais carbono na atmosfera. Esse gás é ‘alimento’ para as plantas. Queremos saber se o excesso de CO₂ vai favorecê-las e se elas vão ficar mais fortes ou não para enfrentar as mudanças climáticas que vêm pela frente”, explica Quesada.

A hipótese de que as plantas poderiam ter vantagem em uma atmosfera turbinada de CO₂ se chama “fertilização de carbono”. Se confirmado, o fenômeno poderá ser o fiel da balança sobre a contribuição da Amazônia para a absorção deste poluente.

Para saber se a floresta será capaz de absorver mais carbono via fotossíntese, os cientistas vão aumentar a concentração do gás carbônico em 50% em três dos seis sítios de análise. Outros três receberão lufadas de ar sem qualquer intervenção, para servirem de comparativo dentro do conceito de “grupo de controle”.

Reuters, Época Negócios e UOL também noticiaram a nova doação do Reino Unido ao AmazonFACE.

Em tempo: Empresa com maior capacidade de produzir potássio do Brasil, segundo UOL e Época Negócios, a Verde Agritech vai propor aos acionistas que a companhia não venda fertilizantes para 218 municípios da Amazônia. A decisão do Conselho de Administração tem por objetivo estimular o combate ao desmatamento na região. A votação da proposta será em junho. O fundador e CEO da Verde Agritech, Cristiano Veloso, afirmou que a decisão não vai impactar o faturamento da empresa, “mas reforça o compromisso da agricultura brasileira com um modelo de produção que já é o mais sustentável do mundo”. Além disso, o executivo disse que a Verde Tech somente venderá produtos para a região se for algum projeto de reflorestamento de mata nativa.

ClimaInfo, 25 de maio de 2023.

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