Centrão não quer recuar em mudanças na estrutura do Ministério do Meio Ambiente

Centrão contra o meio ambiente
Dida Sampaio / Estadão Conteúdo

O governo federal terá muito trabalho para conseguir reverter as mudanças realizadas pelo Congresso Nacional nos Ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas. Apesar da promessa do presidente Lula e de seus operadores políticos no Legislativo, os partidos do Centrão e a bancada ruralista seguem irredutíveis quanto às alterações impostas no texto da MP da reestruturação ministerial.

De acordo com o Valor, a Câmara deve aprovar o texto do relator, deputado Isnaldo Bulhões (MDB-AL), que retirou órgãos e poderes dos dois ministérios. Como o Senado precisa aprovar a MP até a 4ª feira (31/5), dificilmente haverá tempo para que o governo consiga mexer na redação e recuperar ao menos parte do que foi alterado pelos parlamentares.

Bulhões, por sua vez, afirmou que o Palácio do Planalto não o contatou nos últimos dias para propor mudanças no texto aprovado na semana passada na comissão mista do Congresso. “O texto foi construído junto com o governo, e o resultado da votação [na comissão] mostra isso. Se o governo não estivesse em concordância, a votação não teria aquela maioria [15 votos a 3]”, disse o deputado, citado pelo Estadão.

Enquanto isso, o governo segue com dificuldades para alinhar as diferentes áreas em torno dessa votação. O Estadão contrastou as falas da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, com a de seu colega da articulação política, Alexandre Padilha. Por um lado, Marina continua alertando que o texto a ser votado pela Câmara pode prejudicar as políticas e os objetivos do governo na área ambiental. Por outro, Padilha insiste em minimizar o impacto das mudanças na MP, argumentando que elas “não impedem o governo de implementar suas políticas”.

Em entrevista ao programa Cidades e Soluções (GloboNews), ao lado da ministra Sonia Guajajara, Marina observou outra questão de fundo nas mudanças propostas pelo Legislativo – apenas as duas pastas, comandadas por pessoas representantes de setores sociais historicamente marginalizados, foram enfraquecidas pelos parlamentares. “Há uma questão de gênero. São duas mulheres, uma preta, uma indígena”, destacou. Estado de Minas e Exame repercutiram essa fala.

ClimaInfo, 30 de maio de 2023.

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