Emirados Árabes intensificam ofensiva publicitária para “limpar” imagem da COP28

COP28 limpando a barra fóssil
@marcowenjones / Twitter / via The Guardian

A presidência da próxima Conferência da ONU sobre Mudança do Clima (COP28), que será exercida pelos Emirados Árabes Unidos neste ano, está gastando um volume de dinheiro comparável a suas reservas mastodônticas de combustíveis fósseis para aliviar sua barra e tentar convencer o público internacional sobre uma suposta “liderança verde” – recurso esse, claro, sustentado fundamentalmente por petróleo e gás.

Abordamos aqui na semana passada a estratégia curiosa utilizada pelo comando da COP28 nas redes sociais, com o uso de bots (contas falsas automáticas) para promover conteúdos favoráveis ao evento e ao futuro presidente das conferência, Sultan Al-Jaber. O Guardian aprofundou essa notícia e mostrou que os Emirados Árabes são um dos quatro países que mais utilizam esse tipo de tática nas redes sociais, ao lado de nações ditatoriais como Arábia Saudita, China e Egito.

Mas a coisa é ainda mais nefasta. O Guardian também informou que a petroleira ADNOC, comandada pelo próprio Al-Jaber, tem acesso aos e-mails dos funcionários da organização da COP28 e tem orientado respostas a questionamentos da imprensa sobre a conferência. A notícia intensifica o incômodo de ativistas e lideranças políticas internacionais com Al-Jaber na presidência da COP28, ao mesmo tempo em que se mantém à frente da principal estatal de combustíveis fósseis do país.

O Financial Times abordou outro aspecto da estratégia publicitária dos Emirados Árabes – a oferta de pacotes de patrocínios a grandes empresas para a realização da conferência. Na modalidade mais salgada, a organização promete acesso privilegiado à “zona azul” da COP, espaço oficial das negociações, pela bagatela de US$ 8,2 milhões.O balanço parcial não é positivo. Ainda que, do ponto de vista político, Al-Jaber siga com apoio de governos importantes na Europa e nos EUA, os Emirados Árabes seguem apanhando na batalha da opinião pública. Até por isso, o país desfez contratos com três das maiores empresas de relações públicas do planeta e busca outra parceira para intensificar sua defesa à frente da COP28, informou o site Politico.

ClimaInfo, 12 de junho de 2023.

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