China e Índia dão sinal verde para megaprojetos hídricos

China Índia hidrelétricas
NHPC Ltd.

Duas superpotências asiáticas estão avançando para implementar novos projetos de infraestrutura hídrica de grande porte, em um esforço para se distanciar de fontes fósseis de energia e facilitar o abastecimento de água – mas que correm o risco de se tornar um problema exatamente por causa da mudança climática.

A Bloomberg informou que as autoridades indianas autorizaram os primeiros testes de geração hidrelétrica em trechos do rio Subansiri, nos estados de Assam e Arunachal Pradesh, no nordeste do país. Em construção há duas décadas, o projeto em Subansiri é composto por oito usinas hidrelétricas, com 2 GW de capacidade, ao custo parcial de cerca de US$ 2,6 bilhões – valor três vezes superior ao estimado inicialmente em 2003, quando as obras tiveram início.

Além de Subansiri, com obras quase concluídas, o governo indiano também planeja a construção de outra usina, no rio Dibang, com capacidade prevista para gerar 2,9 GW. Se sair do papel, será a maior usina hidrelétrica do país. A Índia enxerga na geração hidrelétrica um caminho para diminuir sua dependência do carvão para geração de energia, enquanto ainda se esforça para viabilizar investimentos em outras fontes renováveis de energia, como eólica e solar.

Do outro lado da fronteira, a China planeja novos e ambiciosos projetos para abastecimento hídrico, destacou a Reuters. No final de maio, autoridades chinesas divulgaram planos para construção de uma “rede nacional de água”, com reservatórios, canais e instalações de armazenamento, de forma a aumentar a capacidade de irrigação e reduzir o risco de enchentes e secas. 

Boa parte da China sofreu no ano passado com uma forte seca durante o verão, o que causou desabastecimento crônico em diversas metrópoles do país. Para Pequim, as novas obras podem melhorar a resiliência, diminuindo a dependência dessas cidades das fontes atuais de água.

Entretanto, como a CNBC assinalou, indianos e chineses enfrentam um desafio comum para que esses projetos entreguem aquilo que se espera deles – os reflexos da mudança climática nessa região do globo. Na Índia, o degelo do Himalaia está intensificando a pressão sobre os reservatórios já existentes, o que aumenta o risco de ruptura e colapso dessas estruturas, com efeitos fatais para as comunidades que vivem rio abaixo. 

Já na China, especialistas contestam a utilidade dessas megaobras, que podem acarretar grandes impactos ambientais. Mais do que construir canais e reservatórios, faltam no plano chinês medidas tidas como essenciais para enfrentar o problema da falta d’água no contexto da mudança do clima, como a redução do desperdício e o aumento da eficiência de seu uso.

ClimaInfo, 14 de junho de 2023.

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