Eólica vive incerteza após problemas com Siemens e fornecedores sob pressão

Siemens pás eólicas
REUTERS / Dado Ruvic / iIustração

Com a forte expansão da energia eólica na matriz elétrica global nos últimos anos e projeções ainda mais animadoras de crescimento para o futuro próximo, surgiram dúvidas sobre a capacidade dos fornecedores cumprirem pedidos e prazos. E a incerteza aumentou ainda mais com o recente anúncio da Siemens sobre problemas em seus equipamentos.

Uma análise na subsidiária Siemens Gamesa encontrou um “aumento substancial nas taxas de falha de componentes de turbinas eólicas”. Por isso, o conselho iniciou uma “revisão técnica estendida” para melhorar a qualidade do produto. A ação incorrerá em “custos significativamente mais altos” do que se supunha antes e agora são estimados em US$ 1,09 bilhão, segundo o CNBC.

As ações da Siemens despencaram, informou o Financial Times, com queda superando os 30% na 6ª feira (23/6), após a divisão espanhola da companhia encontrar falhas de qualidade piores do que era esperado em turbinas eólicas terrestres, atrasando seus esforços de recuperação.

O grupo descobriu problemas em componentes como pás de rotor e rolamentos, segundo a Reuters. A Siemens Energy disse que 15% a 30% dos equipamentos podem ser afetados. A revisão observou “comportamento de vibração anormal de alguns componentes” e problemas não especificados em relação ao design do produto.

A notícia não é apenas um golpe para os acionistas da empresa, mas para todos os investidores e formuladores de políticas que apostam na rápida implantação de energias renováveis. Um risco para os investidores é que as mesmas falhas surjam em outros fabricantes de turbinas eólicas como resultado de cadeias de suprimentos compartilhadas. Por isso, as ações da concorrente Vestas Wind Systems caíram 7% na 6ª feira, informa o Wall Street Journal.

O maior medo, porém, recai sobre a possibilidade de uma falha fundamental de projeto. Os fabricantes estão sob pressão para produzir turbinas eólicas maiores e mais potentes e podem ter estendido demais a tecnologia. Quando as coisas dão errado com peças de equipamento tão grandes, o conserto é caro.

A Reuters lembra que nas últimas duas décadas, a indústria cresceu rapidamente, reduziu os custos de tecnologia para níveis equivalentes ou até mais baratos do que os combustíveis fósseis e aumentou a eficiência por meio de turbinas cada vez maiores. Mas a indústria teve alguns anos difíceis desde o início da pandemia, com o enfraquecimento da atividade industrial.O ritmo de crescimento do setor de energia renovável na última década, com capacidade mais do que quadruplicando, apresenta desafios de fabricação sem precedentes, pontua a Forbes. Para atender à demanda, as empresas estão experimentando novos materiais, abordagens de fabricação e estruturas comerciais. E testar novidades poderá resultar em algumas surpresas negativas.

ClimaInfo, 28 de junho de 2023.

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