A esperança é a última que morre, mas, diante dos resultados dos últimos encontros multilaterais que debatem a crise climática, acaba valendo a máxima do Barão de Itararé: “De onde menos se espera é que não vem nada mesmo”. A (falta de) posição do G20 sobre o abandono dos combustíveis fósseis confirma a filosofia do barão.
Em encontro de ministros de energia concluído no fim de semana em Goa, na Índia, o grupo – que responde por mais de três quartos das emissões globais e do PIB do planeta – não chegou a um consenso sobre a redução gradual dos combustíveis fósseis, informa o Guardian, após objeções de países produtores. O G20, então, emitiu uma declaração de resultado e um resumo da presidência do grupo, ocupada pelos indianos, em vez de um comunicado conjunto, quando há acordo entre todos os países-membros sobre todas as questões.
Enquanto alguns países concordaram com a diminuição gradual do uso de combustíveis fósseis, outros argumentaram que as emissões poderiam ser resolvidas por tecnologias de remoção de carbono, de acordo com o documento final, explica a Bloomberg. “Países do Oriente Médio sentiram que as preocupações com emissões poderiam ser abordadas por tecnologias como captura, uso e sequestro de carbono ou outras tecnologias de redução. Ambos os caminhos são bons”, disse Raj Kumar Singh, ministro de energia da Índia.
Grandes produtores de petróleo e gás fóssil, incluindo Arábia Saudita e Rússia, foram contrários a uma proposta para triplicar a capacidade de energia renovável dos países do grupo até 2030. A China e exportadores de carvão como África do Sul e Indonésia também se opuseram ao plano. A Índia adotou posição neutra sobre o assunto, relata a Reuters.
Outro dissenso se deu na cobrança aos países desenvolvidos para cumprir a meta de mobilizar conjuntamente US$ 100 bilhões por ano para ações climáticas nas economias em desenvolvimento de 2020 a 2025, aponta a Reuters. Também não houve acordo na descrição da guerra na Ucrânia.
Financial Times, SCMP, Indian Express, Poder 360, UOL, g1, Um só planeta e O Globo também trataram da falta de acordo do G20 sobre combustíveis fósseis.
ClimaInfo, 24 de julho de 2023.
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