Cúpula da Amazônia: uma nova oportunidade para a proteção da floresta?

Cúpula da Amazônia nova oportunidade
OTCA divulgação

A Cúpula da Amazônia, que começa nesta 6ª feira (4/8) em Belém, pode ser um recomeço da proteção da floresta e de seus Povos.

Em vários países da Pan-Amazônia o bioma vive à beira do abismo do desmatamento e da destruição ecossistêmica, o que torna urgente uma retomada do diálogo e da cooperação política entre os países da região para sua proteção. A essa altura não temos mais tempo para errar: ou aproveitamos esta chance ou a maior floresta tropical do planeta pode estar com seus dias contados.

O Amazônia Real conversou com lideranças ambientais e sociais da Amazônia sobre as expectativas em torno da Cúpula. Por um lado, alguns entendem que a volta da floresta à agenda política de alto nível dos governos amazônicos é importante e pode reviver a cooperação pela proteção ambiental. Por outro, as feridas deixadas por tentativas anteriores ainda estão abertas, o que desperta alguma desconfiança sobre o que pode sair desse evento.

“Quem vai criar os mecanismos para frear a destruição vão ser os mesmos que destruíram? Não se pode falar em mudanças climáticas e continuar apostando em hidrelétricas, mineração, monocultura e agronegócio”, disse Raimundo Magno, doutorando em sociologia da Universidade Federal do Pará (UFPA) e líder quilombola. Ele diz torcer para que a cúpula seja “mais do que marketing ambiental e empresarial” e que, a despeito do discurso atual do poder público, “não existe ainda a construção de um diálogo efetivo com as Comunidades Tradicionais e os Povos Originários”.

Por isso, há um esforço do governo federal, especialmente do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, para dar mais peso político às discussões e eventuais decisões do encontro de chefes de governo da Pan-Amazônia. Em entrevista à Revista Cenarium, a ministra Marina Silva defendeu a cooperação entre os países da região como caminho para a proteção da floresta.

“O momento é de cooperação. Esperamos que Belém não seja apenas mais um evento, que seja um espaço para tomada de decisão e encaminhamentos práticos que têm a ver com financiamentos e trocas de experiências”, afirmou Marina. “Convocar uma Cúpula da Amazônia significa fazer um esforço para que possamos enfrentar o problema do desmatamento, não apenas como um país isolado, mas como uma articulação entre os oito países do Tratado de Cooperação Amazônica”.

Movimentos sociais, comunidades e populações tradicionais e ambientalistas também estão pressionando os governos amazônicos a sair da letargia. O InfoAmazonia deu mais detalhes sobre a mobilização da sociedade civil antes e durante a Cúpula de Belém, que envolve a participação nos Diálogos Amazônicos, parte da programação oficial, e a eventos paralelos que devem acontecer na capital paraense.

Ainda sobre a Cúpula, o presidente Lula reiterou nesta 3ª feira (1º/8) o objetivo de articular uma resposta dos países amazônicos, além de outras nações com grande estoque de florestas, para a COP28 de Dubai. “Vamos a Belém fazer o grande encontro que vai reunir os oito chefes de Estado da América do Sul que têm a floresta amazônica, mais os dois Congos, que têm grandes florestas na África, e a Indonésia, país que tem mais floresta na região asiática. Vamos fazer esse encontro para começar a elaborar uma proposta para a COP28”, disse Lula, citado pelo Correio Braziliense.Por falar na COP28, a Cúpula da Amazônia também receberá o presidente-designado da Conferência, Sultan al-Jaber. Esta será a primeira visita do futuro chefe da COP de Dubai ao Brasil. A notícia foi repercutida pelo Pará Terra Boa.

ClimaInfo, 2 de agosto de 2023.

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