Desmatamento na Amazônia cai 66% em julho, mas bate recorde no Cerrado

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Marizilda Cruppe / Greenpeace

Uma notícia muito boa e outra muito ruim: enquanto o desmatamento na Amazônia caiu mais de 60% em julho, o Cerrado registrou seu pior índice da série histórica.

De acordo com o sistema DETER, operado pelo INPE, os alertas de desmate na região amazônica somaram 499,91 km2 no último mês, uma redução de 66% em relação ao mesmo período de 2022 (1.486,71 km2). No agregado dos últimos 12 meses (agosto/2022 a julho/2023), a área desmatada foi de 7.952 km2, número 7,4% inferior ao registrado no período anterior (8.590 km2) e o menor valor desde 2018-2019.

A queda observada na Amazônia aconteceu principalmente a partir de janeiro, com a mudança no comando do governo federal e a retomada das políticas e ações de combate às ilegalidades ambientais. Nos seis meses finais de 2022, sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, os alertas de desmate cresceram 54,1% em relação ao mesmo período no ano anterior; já nos primeiros seis meses de 2023, sob o presidente Lula, houve queda de 42,5%.

Por outro lado, o Cerrado vive seus piores dias. O DETER estimou em 599,23 km2 a área desmatada no bioma no mês de julho; os dados ainda são parciais, já que cobrem até o último dia 30. De toda forma, os números de julho já são o 3º pior resultado da série histórica para o mês, representando um aumento de 23% em relação ao mesmo período no ano passado (485,33 km2).

De agosto de 2022 a julho de 2023, a área desmatada acumulada no Cerrado foi de 6.359 km2, alta de 16,5% em relação aos 12 meses anteriores (5.548 km2), o pior resultado desde 2017/18, quando a série histórica começou. O aumento do desmatamento foi uma constante no último ano: o governo Bolsonaro deixou uma alta de 15,7% no 2º semestre de 2023; esse índice aumentou para 20,7% nos seis primeiros meses deste ano, já sob a gestão Lula.

Em coletiva de imprensa realizada nesta 5ª feira (3/8), a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudança do Clima, destacou a retomada da fiscalização ambiental como chave para a queda no desmatamento amazônico. Já sobre o Cerrado, ela pontuou dificuldades legais que atrapalham o combate ao desmatamento.

“Temos uma situação que é complexa [no Cerrado] em função da incidência de desmatamento com autorização [dos estados]. O IBAMA pode atuar nas áreas com ilegalidade comprovada ou suspeita muito forte de ilegalidade”, disse Marina.

Outro ponto é a leniência da legislação atual sobre o limite máximo de desmatamento em áreas rurais no Cerrado. Enquanto na Amazônia as propriedades só podem suprimir legalmente até 20% de sua área, no Cerrado esse limite é de 80%. “Há quase uma acomodação, porque pode explorar [por lei] 80% [da vegetação]. Então a ciência precisa dizer qual a base de sustentação e a base de suporte [da exploração] do bioma”, explicou a ministra, citada pela Folha.

Os números do desmatamento na Amazônia e no Cerrado foram amplamente repercutidos pela imprensa, com destaques na Agência Brasil, CNN Brasil, Estadão, g1, Metrópoles, O Globo, Poder360, Reuters, UOL e Valor. O Observatório do Clima também comentou os resultados do DETER.

ClimaInfo, 4 de agosto de 2023.

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