Antártica registra menor extensão de gelo no inverno e preocupa pesquisadores

Antártica menor extensão de gelo
National Snow and Ice Data Center Leanne Abraham Tradução ClimaInfo

Em pleno inverno, a Antártica registra temperaturas acima da média e a cobertura de gelo cai para o nível mais baixo já registrado por cientistas. 

A temporada fria não está formando gelo na Antártica. Com temperaturas médias superiores ao que se esperaria no inverno, a cobertura de gelo está no pior nível para o período desde 1979, quando começaram os registros científicos. No final de junho, o gelo cobria cerca de 11,7 milhões de km2 de oceano ao redor do continente, uma área quase 2,6 milhões de km2 inferior à média observada nas últimas quatro décadas. 

Esses números indicam que 2023 pode bater o recorde de 2022 com a menor extensão de cobertura congelada no continente antártico – e o contexto climático global, marcado pelos efeitos do El Niño ao redor do mundo, tornam essa possibilidade ainda mais provável. Para os cientistas, de toda forma, esse quadro é bastante preocupante. 

“Este ano é realmente diferente”, disse Ted Scambos, pesquisador sênior da University of Colorado Boulder e especialista em Antártica no National Snow and Ice Data Center, dos Estados Unidos, ao NY Times. “É uma mudança muito repentina”.

Como a Economist assinalou, o comportamento do gelo na Antártica costuma ser diferente daquele observado no Ártico. Enquanto a cobertura congelada no Polo Norte vem caindo de forma gradual e sustentada nas últimas décadas, a extensão da cobertura de gelo no extremo sul da Terra tem sido relativamente estável no último meio século. A NPR também abordou essa redução na extensão congelada na Antártica. 

A situação pode se tornar ainda mais desafiadora nos próximos anos. Um estudo recente publicado na revista Frontiers in Environmental Science indicou que o clima extremo pode se tornar uma constante no continente antártico caso a mudança climática siga desenfreada, com a concentração de gases de efeito estufa na atmosfera crescendo sem parar. 

Para os pesquisadores, a recorrência de eventos de calor e chuva (ao invés de neve) pode tornar ainda mais difícil a formação de gelo na Antártica, mesmo durante a temporada fria. O gelo formado nessas condições é mais fraco e derrete com facilidade com a chegada do verão no Hemisfério Norte. 

Bloomberg e Reuters abordaram os principais pontos do estudo.

 

ClimaInfo, 9 de agosto de 2023.

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