2/3 do investimento em transição energética do PAC vão para petróleo e gás

Novo PAC petróleo e gás
montagem ClimaInfo / gov.org.br

Dos R$ 540 bilhões em investimentos previstos para o eixo de transição e segurança energética do Novo PAC, mais de 60% vão para combustíveis fósseis.

Transição e segurança energética” é um dos nove eixos do novo PAC lançado no fim da semana passada. Os investimentos previstos no segmento chegam a R$ 540,3 bilhões, ficando atrás apenas dos recursos que serão destinados ao eixo “Cidades sustentáveis e resilientes”. Contudo, ao destrinchar os números, vê-se que falta muito para que a transição se converta de fato no abandono dos combustíveis fósseis.

O Capital Reset destaca que o setor de petróleo e gás fóssil responde por R$ 335,1 bilhões dos investimentos previstos para o eixo da transição – 62% do total. Quase tudo ficará a cargo da Petrobras, cujos planos incluem a perfuração de três poços de exploração de petróleo na Margem Equatorial, no litoral do Rio Grande do Norte. A título de comparação, a produção de combustíveis de baixo carbono não vai receber nem 10% disso – são R$ 26,1 bilhões.

Dos 47 projetos sob comando da Petrobras no Novo PAC, informa o Poder 360, dezenove se destinam ao desenvolvimento da produção de petróleo e gás fóssil, com R$ 286 bilhões. O pré-sal é a região que mais vai receber plataformas de produção de combustíveis fósseis – 17 – mas a estatal também prevê a instalação de dois sistemas de produção de gás fóssil em águas profundas do litoral de Sergipe.

Os esperados investimentos da Petrobras em transição energética continuam uma incógnita. O Novo PAC prevê R$ 8,9 bilhões em descarbonização das operações da companhia. Na parte de combustíveis de baixo carbono, o maior investimento da estatal (R$ 2,3 bilhões) vai para o coprocessamento de diesel fóssil com óleos vegetais.

Nas redes sociais, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, ressaltou o “senso de responsabilidade, de dever, como empresa estatal, de ser parceira do Brasil”, relata o InfoMoney. O problema é que essa parceria continua resumida à estatal ser uma empresa de petróleo, focada em um desenvolvimentismo do século passado, e não numa companhia de energia, disposta a limpar os produtos que oferece ao mercado, substituindo os combustíveis fósseis – os grandes responsáveis pelo aumento das emissões de gases de efeito estufa e, por consequência, pela crise climática que prejudica milhares de brasileiros.

Em tempo: As mulheres estão mais expostas às consequências das mudanças climáticas, mas estão sub-representadas no setor de energia, o grande vilão do aquecimento global. Mas a transição para fontes renováveis deve acelerar não somente o desenvolvimento de energias menos poluentes, mas também expandir as oportunidades profissionais para as mulheres no segmento. Como mostra o Um Só Planeta, globalmente elas representam 32% da força de trabalho em energia renovável, ante 22% de mulheres na indústria de petróleo e gás fóssil.

 

ClimaInfo, 15 de agosto de 2023.

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