Anfitriões da COP28, Emirados Árabes ignoraram emissões de metano por quase uma década

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Divulgação adnoc.ae

Governo dos Emirados Árabes não submeteu à ONU nenhum relatório sobre suas emissões de metano associadas à produção de combustíveis fósseis por quase 10 anos. 

O Guardian revelou que os Emirados Árabes Unidos (EAU), anfitriões da próxima Conferência da ONU sobre o Clima (COP28), passou quase uma década sem reportar à Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças do Clima (UNFCCC) suas emissões de metano, poderoso gás de efeito estufa que costuma vazar durante a extração de petróleo e gás fóssil. O descomprometimento do país com o problema contrasta com outras nações vizinhas, igualmente produtoras de combustíveis fósseis, como Arábia Saudita e Kuwait.

Especialistas apontam o metano como um alvo prioritário para os esforços contra a mudança climática. Primeiro, por ser um gás de efeito estufa muito mais poderoso do que o dióxido de carbono, com capacidade de aquecimento até 80 vezes maior. Segundo, porque sua mitigação no setor energético é mais fácil e economicamente viável, o que permitiria uma ação substancial de redução de suas emissões com efeitos positivos sobre o clima global.

Recentemente, o presidente designado da COP28, Sultan al-Jaber, defendeu que os países atualizem suas contribuições nacionalmente determinadas (NDC) sob o Acordo de Paris para incluir metas de redução de metano. No entanto, a falta de ação do governo dos EAU coloca em xeque a credibilidade desse pedido.

A crítica atinge a petroleira estatal ADNOC, também presidida por Al-Jaber. A empresa definiu como objetivo limitar os vazamentos de metano a menos de 0,15% do gás produzido até 2025. Além de ser uma meta pouco ambiciosa (por exemplo, Qatar conseguiu limitar a liberação de metano a 0,06% da produção de gás em 2019), ela é superior a uma meta anterior da própria companhia para 2022, que previa o limite para 0,07%.

Enquanto isso, o site POLITICO informou que o governo dos EAU está estudando a criação de um fundo multibilionário para estimular investimentos em energia verde ao redor do mundo. Os recursos, especulados em torno de US$ 25 bilhões, viriam das reservas soberanas do país, alimentadas pela indústria de combustíveis fósseis que domina a economia local. A medida seria mais um esforço dos Emirados Árabes para limpar sua imagem antes da COP28, atraindo a atenção e o interesse de países em desenvolvimento.

 

ClimaInfo, 22 de agosto de 2023.

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